terça-feira, 31 de outubro de 2017

UM FARAÓ EM PARIS

Image may contain: one or more people and indoor

Foto de 1976 mostra o faraó Ramses II rodeado de especialistas em um laboratório de Paris, prestes a ser submetido a análises clínicas pela primeira vez.

Na ocasião, a múmia do rei estava se deteriorando muito rapidamente devido a uma infestação de fungos em seu corpo. Por esta razão, o rei foi enviado à França para tratamento adequado.

Na capital francesa, uma equipe composta por 110 cientistas foi responsável por tentar descobrir as razões pelas quais a múmia se degradava progressivamente. Eles descobriram que esta degradação se dava devido à ação de um cogumelo, o Daedela Biennis, que foi destruído com uma irradiação de gama de cobalto 60. As análises revelaram tambem que Ramsés sofria de doença dentária e óssea.

Para que Ramsés II pudesse sair do Egito, foi providenciado um passaporte para ele, em que constava sua ocupação: "Rei falecido".

Chegando a Paris, ao desembarcar no aeroporto de Le Bourget, o Sr. Ramsés foi pomposamente saudado com honras militares destinadas a monarcas e chefes de estado.

Post original - EGIPTOLOGIA BRASIL

POR QUE SOU MONARQUISTA? 7º motivo

Image may contain: 1 person, sitting and indoor

A Monarquia Constitucional de nossos dias coloca o Soberano ao abrigo de qualquer desvio arbitrário, de qualquer veleidade ditatorial, já que ele não pode se arrogar nenhuma prerrogativa não estabelecida na Constituição, da qual ele é tão-somente o intérprete e o avalista.

Pelo contrário, o sistema eleitoral republicano de modo algum protege um Presidente contra a tentação de um totalitarismo ideológico ditatorial ou tendente à ditadura, do que temos nós amarga experiência em nosso Brasil, que tanto se gaba de ser “de todos”.

Este texto foi adaptado de um artigo escrito pelo sacerdote e escritor franco-belga Padre Daniel-Ange e publicado no periódico “La France Catholique”, em sua edição de 26 de julho de 2013, sobre a então recente sucessão no Trono da Bélgica.

Foto: S.A.I.R. o Príncipe Dom Luiz de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil.

POR QUE SOU MONARQUISTA? 6º motivo

Image may contain: 2 people, people sitting and child

Os Presidentes têm necessidade de muito tempo para se situar na função e para compreenderem o País, tanto na sua história como na sua atualidade. Mas, mal acabaram de fazer isso, já recebem um “fora!” e um novo aparece para recomeçar tudo a partir do zero. Em escala mais reduzida, o mesmo acontece com os Ministros, Prefeitos, Embaixadores. Como é possível mudar todos eles de poucos em poucos anos? Mal estão começando a conhecer a fundo seu campo de atuação, sua região ou o País em que estão servindo, já são postos fora e vêm outros...

Este texto foi adaptado de um artigo escrito pelo sacerdote e escritor franco-belga Padre Daniel-Ange e publicado no periódico “La France Catholique”, em sua edição de 26 de julho de 2013, sobre a então recente sucessão no Trono da Bélgica.

Foto: durante o exílio após o golpe de 15 de novembro de 1889, S.A.I. a Princesa Dona Isabel de Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil de 1891 a 1921, tendo ao colo seu neto mais velho e eventual sucessor dinástico, S.A.I.R. o Príncipe do Grão-Pará, Dom Pedro Henrique de Orleans e Bragança, que veio a ser Chefe da Casa Imperial do Brasil de 1921 a 1981.

O CHEFE DA CASA IMPERIAL COMENTA OS RESULTADOS DO PLEBISCITO

Image may contain: 1 person, standing and indoor

[Publicamos a carta-circular que S.A.I.R. o Príncipe Dom Luiz de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil, dirigiu aos monarquistas brasileiros, em maio de 1993, após a realização do Plebiscito. Transcrevemos o referido documento a partir da cópia publicada no livro “Parlamentarismo, sim! Mas à brasileira: com Monarca e Poder Moderador eficaz e paternal”, de autoria do Prof. Armando Alexandre dos Santos, extraída de transcrição da carta-circular publicada no boletim “Monarquia 93”, de junho de 1993.]

Valoroso e caro monarquista:

Concluída a apuração do recente plebiscito, cedo ao imperativo de meu reconhecimento e de meu afeto por quantos brasileiros votaram a favor da Restauração Monárquica, exprimindo-lhes, num contato pessoal e direto, as reflexões que me vão na alma, na atual conjuntura brasileira. É o que passo a fazer:

1) A mídia ressaltou, sobretudo, a vitória numérica do regime republicano sobre o monárquico. Para isso, ela procurou simplesmente pôr em evidência o contraste entre os números: 44.226.433 votos republicanos contra 6.843.159 votos monárquicos. E esperou, com isto, criar no espírito público a impressão de que a vitória republicana fizera algo de absoluto, de incontestável, talvez mesmo de definitivo.

Mas a mídia errou. Pois ela não contou com a sutileza de análise inerente ao espírito brasileiro, que não se contenta com a linguagem simples (que a nós brasileiros parece mais bem simplória) dos números. E sabe de nascença que o verdadeiro sentido dos fatos se encontra muito mais na riqueza de seus matizes do que no aspecto elementar e insuficientemente expressivo de suas linhas gerias.

É o que se nota no caso presente. Com efeito, a autenticidade das vitórias populares se faz ver, sobretudo, na explosão das grandes alegrias que iluminam e sacodem de entusiasmo as massas vencedoras.

Importa, pois, perguntar que grandes alegrias iluminaram e fizeram vibrar de entusiasmo a maioria republicana, quando da divulgação oficial dos resultados plebiscitários. Em outros termos, alguém jamais viu uma vitória “esmagadora” tão cinzenta e tão sonolenta quando a do republicanismo “triunfante” no dia 21 de abril?

E poderia ser de outra maneira?

A República continua hoje exatamente como começou.

Aristides Lobo, Ministro do Interior do Governo Provisório imposto pelas armas a 15 de novembro de 1889, comentou sobre a implantação da República “que o povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava”. Transcorridos 104 anos de governo republicano, eis o republicanismo que contempla no mesmo estado de espírito essa sua segunda “vitória”.

E poderia ser de outra maneira?

Em 1889, nossa Pátria contemplou, atônita, o chocho das esperanças que iludiam os promotores do “pronunciamento” de Deodoro, Benjamin Constant e outros. Transcorrido um século, ela contempla o fracasso espantoso dessas ilusões.

Ordeiro, pacto e até afetivo como é, o brasileiro médio não se enfurece, não se indigna e muito menos se revolta.

Porém enganar-se-iam redondamente os que imaginassem que ele não o percebe. E que não guarda no fundo de seu coração o propósito de, dentro da lei e da ordem, trabalhar para pôr categoricamente cobro à situação calamitosa que todos, sem exceção, monarquistas ou republicanos, parlamentaristas como presidencialistas, queremos que cesse.

2) Mas – objetará alguém – por que não foi maior o número dos eleitores que se manifestaram esperançosos em ver na Monarquia o caminho para que o País saia do presente abismo de calamidades nacionais e de desprestígio internacional?

Nós, monarquistas, não temos motivo para nos esquivarmos de responder a esta questão, que a alguns poderia parecer embaraçosa. O ideal monárquico, a República o manteve ditatorialmente sepultado 99 anos, sob a lousa funerária da tristemente famosa “cláusula pétrea”, a qual proibiu, durante esse tempo, qualquer propaganda monarquista.

Isto fê-lo – diga-se de passagem – com um desembaraço caracteristicamente “sans-culotte”, a mesma corrente republicana que, durante a vigência da Monarquia, se beneficiara de uma liberdade completa, para fazer sua propaganda antimonárquica.

Mais pesada do que essa lousa funerária ainda se manifestou a cooperação quase unânime da mídia, durante esse século. Pois, excetuadas algumas tantas vozes monárquicas que, aqui e acolá, se fizeram ouvir em órgãos republicanos, graças a seu grande talento, luminosa cultura e coragem ainda mais luminosa, o Brasil monárquico não teve ocasião de se fazer no modorrento unanimismo republicano, por meio de uma publicidade proporcionada à grandeza da tradição imperial em nossa História, bem como às esperanças políticas acalentadas por milhões de corações brasileiros.

Assim, as sucessivas gerações que vieram se escoando ao longo das décadas desta lenta centúria cravaram fundo no seu subconsciente político a ideia de que a Monarquia, banida de uma vez de nosso Continente com a independência dos Estados Unidos e com a queda da Monarquia no México, e depois no Brasil, se tornara de vez incompatível no solo americano.

Tão fundo se lhe cravara essa convicção que, a não poucos de nossos compatriotas, causaria surpresa deitar a atenção sobre o exemplo naturalmente bem sucedido da Coroa Britânica, a refulgir com êxito e tranqüilidade sobre as imensas vastidões do Canadá.

A uma desinformação tão radical, só poderia remediar um trabalho de esclarecimento sereno, altamente didático, e por isso mesmo vitorioso.

3) Ora, foi precisamente o que faltou ao ideal monárquico, no curto período que mediou entre a sábia e justiceira revogação da “cláusula pétrea” pela Constituinte, e o dia 21 de abril de 1993: ou seja, as entidades monárquicas que se iam constituindo com célere alegria nos mais diversos pontos do solo pátrio contaram apenas com pouco mais de quatro anos de propaganda para demolir a obra de mais de um século de contra-verdades impostas por meio do silêncio pétreo.

Ainda que a causa monárquica dispusesse, nesta ocasião, de todos os recursos com que contou o republicanismo, a competição seria desigual. Sem dúvida, neste pleito, a mídia foi mais aberta aos anseios dos monarquistas brasileiros, do que em anteriores ocasiões. Registramo-lo com simpatia, não sem salientar, entretanto, que atitude unanimemente republicana de toda ela não deixou de impor à causa monárquica uma desigualdade de situação eu cumpre apontar aqui, para que, das páginas desta circular, passe para as da História.

4) Se poucos anos atrás alguém dissesse que 6.843.159 brasileiros se pronunciariam pela Monarquia, o que equivale a dizer que, num grupo de dez eleitores, um é monarquista, passaria por lunático, excêntrico, insensato.

Pois foi dispondo de recursos tão escassos que os monarquistas fizeram descer, da “Lua” à realidade dos fatos concretos esta situação imaginária. O plebiscito revelou que 10,2% dos brasileiros são monarquistas.

Note-se, a tal propósito, que o já curto prazo originariamente concedido à propaganda monárquica ainda foi amputado de 139 dias pela Emenda Constitucional n. 2. Dir-se-ia que a República esperava que, com tal amputação, menos eleitores lhes abandonassem as fileiras, menos lhes caíssem dos galhos.

A atitude não foi equitativa nem elegante. Mas, indiscutivelmente, foi prudente. Pois fugir é a estratégia dos que não sentem outro remédio para evitar a derrocada que os aguarda ao longo do caminho.

5) Quanto a mim, como Chefe da Casa Imperial do Brasil, auxiliado pela fidelidade, pelo ardor, pela dedicação e pelo talento de meus irmãos D. Bertrand e D. Antonio, me cumpre a grata tarefa de convidar os monarquistas brasileiros a que, longe de verem como uma derrota, aplaudam o resultado do plebiscito como um êxito. Como êxito, sim, sobre o marasmo republicano, pois tudo quanto a Monarquia ganhou em condições tão desfavoráveis, foi sobre as hostes eleitorais republicanas que ganhou. Passo a passo. Dia a dia. Em uma aurora de ressurreição monárquica, nos mais diversos pontos de nosso território-continente. Aurora que, desta vez, ainda não teve tempo de fazer-se meio-dia, é certo. Mas também aurora que despertou uma generalidade de entusiasmos, os quais, com ritmos crescentes, e com recursos também crescentes, têm todas as condições para mostrar ao Brasil que este dispõe de uma plenitude dos meios para se reerguer, e para se tornar uma das maiores nações do mundo, quando chegar o meio-dia grandioso de sua história.

Para que essa aurora se faça meio-dia, é preciso que a Monarquia faça sua caminhada, não no terreno poeirento das refregas partidárias, das quais está farta a atenção pública, porém na ação individual, dedicada, infatigável, de cada monarquista junto aos seus familiares, seus íntimos, seus colegas de trabalho, seus companheiros de lazer.

Cumpre para isso que os monarquistas de nossos dias trabalhem para restituir a nossos contemporâneos, à maneira dos brasileiros do Segundo Reinado, o gosto da reflexão política, alimentada em serões familiares, em ambientes sociais, nos círculos intelectuais. Reflexão que, muito mais do que a mídia, assegure ao Brasil autêntico as condições para, por si mesmo, formar seu próprio pensamento, relegando para o plano inferior que lhes toca, as infindáveis discussões sobre interesses partidários, apetites pessoais, difamações recíprocas etc., que constituem o pobre e indigesto manjar dos fornos de nosso presente sistema representativo.

O verdadeiro monarquista – como o vão formando os Conselhos Monárquicos, os Círculos Monárquicos, a Ação Monárquica Feminina, as Frentes Monárquicas e as Juventudes Monárquicas, em todo o Brasil – tem a consciência de que o debate das altas questões ideológicas, esclarecendo e orientando a pesquisa social, o conduzirá ao encontro da solução socioeconômica de nossos problemas. Isto, sim, constitui a via ao longo da qual o País encontrará as suas verdadeiras fórmulas de ser, de trabalhar, de progredir e de vencer.

De imediato, pois, é para este tipo de atividade que convido todos os monarquistas brasileiros. Confluamos todos para junto das mesas de refeição ou de trabalho, em torno das quais a troca de idéias desinteressada e amiga – bem à brasileira – desperte as inteligências, avive as esperanças e contribua para pôr em marcha toda a Nação.

Este convite, não o faço tão-só aos monarquistas, mas a tantos brasileiros republicanos, agora muito explicavelmente desacoraçoados pelo panorama nacional e “agredidos pela realidade”, segundo a pitoresca fórmula norte-americana. Acerquem-se de nós, dêem-nos notícias do que os preocupa. E o façam fraternalmente e sem cerimônia. Tão fraternalmente e tão sem cerimônia que, se é a perspectiva do projeto monárquico um dos fatores da sua preocupação, no-lo digam com transparente franqueza. Quanto a nós, será supérfluo que lhes digamos em quantos pontos a República nos preocupa: pois desta preocupação incontáveis brasileiros participam, tanto monarquistas quanto republicanos.

A hora é para um grande diálogo, precedido de uma grande reflexão.

E, com a mesma franqueza que de ponta a ponta inspira estas linhas, acrescento do fundo de meu coração de católico: esta reflexão, por sua vez, deve ser precedida e seguida de uma comovida e confiante oração.

A História não consagra um só êxito definitivo de uma nação que exclua Deus de suas reflexões, de suas esperanças e de suas ações. Ruiu a Cortina de Ferro. E ali estão, a se contorcer de dor, na confusão, na incerteza e na desordem, os restos do que foi a maior edificação ateia da História, e é hoje a maior ruína que os homens tenham jamais conhecido.

Se ser moderno é escolher esse caminho, suplico a Deus que desvie nosso Brasil desse terrível infortúnio. E lanço meu olhar, com confiança, para o magnífico símbolo sideral que Deus quis incrustar no céu de nossa Pátria. Fito o Cruzeiro do Sul, a cruz de Cristo. Penso no Crucificado, penso na sua Mãe Santíssima; “Stabat Mater dolorosa juxta crucem lacrimosa”. De lá, do alto do Gólgota, procederam todas as graças que fizeram grandes a Igreja Católica e a Civilização Cristã.

A exemplo dos meus maiores, não concebo em nossa caminha outra via senão a que, a partir da Redenção do gênero humano, tem conduzido os povos fieis ao fastígio de grandeza e de ordem que todos conhecemos. Tal fastígio, descreveu-o Leão XIII com palavras magníficas: “Tempo houve em que a filosofia do Evangelho governava os Estados... Então a Religião instituída por Jesus Cristo, solidamente estabelecida no grau de dignidade que lhe é devido, em toda parte era florescente, graças ao fervor dos Príncipes e à proteção legítima dos Magistrados. Então o Sacerdócio e o Império estavam ligados entre si por uma feliz concórdia e pela permuta amistosa de bons ofícios. Organizada assim, a sociedade civil deu frutos superiores a toda expectativa” (Encíclica “Immortale Dei”, de 1-11-1885).

Monarquistas! Unidos neste caminho, e contando com a proteção divina, animados pelo alentador resultado do plebiscito de 21 de abril, continuemos a atuar, tendo “cor unum et animam unam”, para o bem do Brasil.

Luiz de Orleans e Bragança

POR QUE SOU MONARQUISTA? 5º motivo

Image may contain: 4 people, people smiling, people standing and suit

Os Presidentes se sucedem em rápida cadência. Os regimes desabam, uns após os outros. Os governos são sem cessar remanejados, dançam os ministros, são regularmente dissolvidas as câmaras. Os programas sociais e econômicos, as políticas educacionais e diplomáticas não cessam de mudar, ao sabor dos caprichos de cada ministro.

Numa República, nada é estável. Ninguém garante a continuidade nem a estabilidade, ninguém vela pela fidelidade ao patrimônio nacional, à herança dos séculos, à história da Nação. Por vezes, mesmo, estão pouco ligando para essas coisas. Mal está sendo reconhecido o mérito de um Presidente, já seu mandato acabou. E, quando o Presidente é ruim, esquecem-se os desgastes, na espera impaciente de eleições. Em resumo, Presidentes e governos passam. O Imperador, como a Nação, é permanente.

Este texto foi adaptado de um artigo escrito pelo sacerdote e escritor franco-belga Padre Daniel-Ange e publicado no periódico “La France Catholique”, em sua edição de 26 de julho de 2013, sobre a então recente sucessão no Trono da Bélgica.

Foto: S.A.I.R. o Príncipe Imperial do Brasil, Dom Bertrand de Orleans e Bragança, seu irmão, S.A.R. o Príncipe Dom Antonio de Orleans e Bragança, terceiro na linha de sucessão ao Trono, cunhada, S.A.R. a Princesa Dona Christine de Ligne de Orleans e Bragança, e sobrinho, S.A.R. o Príncipe Dom Rafael de Orleans e Bragança, quarto na linha de sucessão ao Trono, no XXVII Encontro Monárquico, no Rio de Janeiro.

segunda-feira, 30 de outubro de 2017

POR QUE SOU MONARQUISTA? 4º motivo

Image may contain: 12 people, outdoor

Um Imperador é recebido e acolhido, porque ele nos é dado. Normalmente, isso se dá sem contestação.

Não é o resultado matemático de uma implacável, feroz e mortífera batalha eleitoral, que custa somas exorbitantes, nas quais os candidatos apregoam promessas falaciosas (que, sabe-se muito bem, não poderão ser cumpridas) e metralham seus adversários, sujando-os com maledicências e calúnias, já que nessa guerra todos os golpes baixos são permitidos.

Isso envergonha o País. Numa batalha eleitoral, a vitória só é obtida com maioria de no máximo algumas centenas, e muitas vezes graças a numerosas abstenções. Trata-se de uma “vitória” que tem um custo: metade do povo fica vencida, humilhada, amargurada, quando não revoltada.

Como tal “vencedor” ousa pretender, logo depois, ser o representante de toda a Nação, o Presidente de todos? Isso não é humano, isso é contra a natureza.

Foto: Dom Antonio de Orleáns e Bragança, terceiro na linha sucessória ao Trono Imperial brasileiro, junto de monarquistas, em uma manifestação em Copacabana.

POR QUE SOU MONARQUISTA? 3º motivo

Image may contain: 9 people, people standing and indoor

O Imperador está acima de todas as querelas, mesquinharias, corrupções e rivalidades dos partidos políticos. Nessa matéria, ele é totalmente isento. Sendo de todos, ele pode, verdadeiramente, ser o representante de seu povo, ou melhor, a personificação dele. Seria impensável um Imperador partidário. Ele está fora e acima dos partidos.

Este texto foi adaptado de um artigo escrito pelo sacerdote e escritor franco-belga Padre Daniel-Ange e publicado no periódico “La France Catholique”, em sua edição de 26 de julho de 2013, sobre a então recente sucessão no Trono da Bélgica.

Foto: S.M.I. o Imperador Dom Pedro II do Brasil, durante a abertura anual da Assembléia Geral do Império, em 1873.

POR QUE SOU MONARQUISTA? 2º motivo

Image may contain: 5 people, people smiling, people standing, suit and child

O povo conhece o Príncipe herdeiro desde seu nascimento e o acompanhou durante todo o seu crescimento, em sua lenta maturação. Não é um indivíduo que aparece de repente, ninguém sabendo bem de onde veio.

Este texto foi adaptado de um artigo escrito pelo sacerdote e escritor franco-belga Padre Daniel-Ange e publicado no periódico “La France Catholique”, em sua edição de 26 de julho de 2013, sobre a então recente sucessão no Trono da Bélgica.

Foto: SS.AA.RR. o Príncipe Dom Antonio de Orleans e Bragança, terceiro na linha de sucessão ao Trono, sua esposa, a Princesa Dona Christine de Ligne de Orleans e Bragança, e seus quatro filhos, o saudoso Príncipe Dom Pedro Luiz, o Príncipe Dom Rafael e as Princesas Dona Amélia e Dona Maria Gabriela de Orleans e Bragança, em 1989.

domingo, 29 de outubro de 2017

Parlamentarismo é o caminho, avalia Orleans e Bragança

Bragança: "Existe risco de instabilidade política maior ainda com a próxima eleição presidencial"

Entre os setores da sociedade que se posicionam de forma crítica à política brasileira atual, os descendentes da família imperial brasileira são voz ativa, especialmente desde os protestos contra a então presidente Dilma Roussef (PT). Em uma passagem por Porto Alegre para divulgar o livro Por que o Brasil é um país atrasado? - O que fazer para entrarmos de vez no século XXI, o cientista político e administrador de empresas Luiz Philippe de Orleans e Bragança acredita que o sistema político nacional é capitaneado por oligarquias e que a economia é excessivamente regulamentada. 

O descendente da família real brasileira defende a adoção do parlamentarismo no Brasil. "É o caminho para o País se estabilizar, mesmo que não descentralize o poder", sustenta Orleans e Bragança. Trineto da Princesa Isabel e tetraneto de Dom Pedro II, ele acredita que o principal papel da família imperial hoje é de incentivo à estabilidade social, o que pode ou não se refletir no meio político. Nesta entrevista ao Jornal do Comércio, Orleans e Bragança revela ainda suas opiniões sobre os pré-candidatos às eleições de 2018 e qual seria a reforma política ideal, além de responder a pergunta título do seu livro. - Jornal do Comércio 

Jornal do Comércio - Com base em seu livro, Por que o Brasil é um país atrasado?, o que deu errado no País?

Luiz Philippe de Orleans e Bragança - O que deu errado no País é o modo como nos organizamos politicamente e as opções de modelos econômicos dos últimos 100 anos. Na política, nós criamos um sistema dominado por oligarquias políticas, e oligarquias econômicas no comando da política. Além disso, na parte econômica, temos um modelo de alta interferência de Estado regulamentando a livre iniciativa. Então essas são as premissas básicas do que deu errado. No livro, eu pontuo que um arranjo como esse que nós temos gera instabilidade política, e instabilidade política não gera poupança. A alta interferência não permite que a sociedade ascenda por si própria, cria-se dependência, cria-se limitação de iniciativa em prol do bem comum que seria espontâneo, mas que, na atual conjuntura, é regulamentada também. Não só a iniciativa econômica, mas a iniciativa de resolver problemas políticos também é condicionada. Todos os poderes têm limitações impostas do centro para fora, e a sociedade está removida desse processo de contribuição e realização política.

JC - Há algum país que seja um modelo de gestão socioeconômica nesse aspecto?

Orleans e Bragança - Sim. Veja: dos mais de 200 países do mundo, aproximadamente 25 são desenvolvidos. Esses 25 países têm um Estado de Direito com separação de poderes, fragmentação do poder, livre iniciativa, direito à propriedade; e boa parte deles tem separação do Executivo em chefia de Estado e chefia de governo. Entre esses países estão os Estados Unidos, Canadá, Austrália, Japão e boa parte dos países europeus. Esses são países que o Brasil deveria ter referência para se organizar, e nenhum deles é organizado como o Brasil. Nós somos organizados como todos os países pobres ou emergentes, de forma semelhante ao presidencialismo mexicano ou argentino, com muita centralização de poder. Enquanto não adotarmos modelos semelhantes ao europeu ou norte-americano, vamos estar travados no que estamos vivendo. Não é que nossas políticas não tentaram melhorar nosso Índice de Desenvolvimento Humano, pois tentaram, mas o conjunto do Estado e da entrega de benefício não é capaz. Não existe um Estado eficiente, uma burocracia eficiente, porque a burocracia já denota a falência da sociedade ao ter criado produtos e serviços que mitigam necessidades sociais.

JC - A maioria dos países europeus é parlamentarista. Seria esse, portanto, o melhor modelo para o Brasil?

Orleans e Bragança - É o caminho para o País se estabilizar, mesmo que não descentralize o poder. Se mantiver o poder centralizado em Brasília, é condição sine qua non a adoção do parlamentarismo. Em um segundo momento, ou em paralelo, que haja uma transferência de competências do centro para os estados e municípios. Assim, seria um sistema parlamentarista, mas também uma federação plena.

JC - O Congresso Nacional é alvo constante de críticas pela população. De que forma a sociedade pode ter confiança em um sistema parlamentarista se a aprovação do Congresso é tão baixa?

Orleans e Bragança - Com esse Congresso atual, de fato, não há como propor nenhum resgate de legitimidade. O Congresso está além de qualquer tentativa. Quando a Dilma foi cassada, deveria ter havido uma eleição geral, se fosse um momento parlamentarista. Não houve. A cada dia decorrente, você vê a queda de popularidade, não sobrou muito. Como fazer então? Precisamos de novas eleições, renovação, e a criação de mecanismos que deem legitimidade, que tornem mais difícil um congressista sair ileso (em caso de escândalo), como o recall de mandato. Temos que ter isso em um novo sistema eleitoral. Se você não tem o voto distrital puro, não consegue implantar a renovação de mandato no Poder Legislativo. Ninguém fala do voto distrital puro, todo mundo fala do voto distrital misto ou do distritão. É porque esse modelo daria a capacidade de se remover um representante do Legislativo muito rapidamente, em 90 dias se chama uma nova eleição distrital, remove, custo muito baixo, e se tem uma válvula de escape natural. É o modelo nos Estados Unidos, Canadá, Austrália, os países federativos grandes, no qual o centro não consegue mandar em tudo e delega os poderes. Um deputado distrital tem muito poder, tanto orçamentário quanto jurídico, mas o povo também. O povo dá o poder, mas também o tem. Aí que está o contrapeso. Esse mecanismo precisa ser implementado, caso contrário está sempre se alocando e se delegando poderes ao representante eleito, e isso não é bom. Ou seja, basicamente, fazendo isso, você fala que a sociedade não tem virtude, o representante de Estado tem, e eu não vou exercer poder nenhum, porque eu não tenho virtude. Precisamos corrigir esse erro no nosso sistema.

JC - Para as eleições do ano que vem, há a incerteza sobre a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e o PSDB está dividido sobre quem lançar. A eleição pode causar uma polarização política maior do que a que já ocorre hoje?

Orleans e Bragança - Existe risco de instabilidade política maior ainda com a próxima eleição presidencial. Você tem alguns que são aliciados por interesses externos, por agentes políticos externos; e tem outros que são nacionalistas com agendas de protecionismo extremo. Você tem aí dois polos muito perigosos na sua essência, e essas essências precisam ser limitadas. Influências de interesses da Organização das Nações Unidas (ONU) e do grande capital externo precisam ser limitadas. Isso influencia (João) Doria (PSDB), (Geraldo) Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede), Alvaro Dias (Pode) e Ciro Gomes (PDT) diretamente, até escancarado nos jornais. Ciro Gomes enaltecendo a China, Alvaro Dias falando de como George Soros (bilionário e filantropo húngaro), a ONU e da (Rede) Globo vão ajudá-lo na campanha dele. Eles estão desse lado. E do outro lado tem (Jair) Bolsonaro (PSC), que tem uma visão oposta a essa globalista, mas tem um lado mais classista, defendendo interesses de classe particulares. São dois polos. Qual que é o candidato que vai ser o contemporizador? Ele ainda não se apresentou. Pode ser até o próprio Bolsonaro, adotando um discurso mais liberal, mais contemporâneo, menos classista e que proteja a soberania e a cidadania brasileira, mas ao mesmo tempo liberalizando o sistema econômico, pode ser. Pode ser talvez um candidato não tão visível, como o Alckmin ou Alvaro Dias, que abandone essa questão globalista e de interesses externos e de grandes oligarquias, e resolva liberalizar de fato e dar soberania popular. O candidato ideal não se apresentou, porque ele não existe. Pode ser que, ao longo do processo eleitoral, ele se materialize, mas é muito cedo para dizer.

JC - O seu tetravô Dom Pedro II é lembrado por ter sido uma figura erudita, que tinha amigos como o cientista Louis Pasteur e o compositor Richard Wagner. A proximidade de Pedro II com temas de produção de conhecimento, de alguma forma, define o papel da família real hoje no Brasil?

Orleans e Bragança - Sim, a família real é um papel cívico e social. Isso, às vezes, se traduz em alguma coisa política; às vezes, em posicionamentos sociais, o que seria o bem para a sociedade e sua sobrevivência. Existe essa função, não institucionalizada, e sim puramente sociológica. É ação social, sem passar pelos poderes públicos, mas acho importante pontuar posicionamentos para dar um viés de estabilização do sistema político. Sem isso, o Brasil corre muitos riscos. Esse é o grande perigo: a instabilidade política pode gerar problemas que precisam de gerações para se consertar. Se temos a oportunidade de fazer o certo, vamos fazer o certo. Vamos apontar o que achamos, e cabe ao nosso poder de convencimento e talvez de levar a conclusões.

JC - Recentemente, no Reino Unido, o príncipe Harry aceitou um prêmio dado à memória da princesa Diana homenageando o ativismo dela no combate à Aids e ao estigma da doença, em uma época em que o vírus era associado à comunidade LGBT. O príncipe e futuro monarca William também se posicionou contra a homofobia. No Brasil, um país com muitos casos de crimes por preconceito, que noções a família real brasileira pode transmitir como legado?

Orleans e Bragança - Essas questões sociais hoje têm um grande inimigo, e o inimigo se chama Brasília. Quando se tem a moralidade sendo controlada por um governo central e planejada por um governo central, vira questão de vida ou morte. Não existe o convívio com respeito. Qual é a proposta? Subsidiariedade. As diferentes comunidades convivem em seus enclaves, criam os seus polos de controle e ali controlam sua moralidade. Ali impõem o que acham certo para si mesmos. Não cabe à União passar a moral para todo o País. Cabe, sim, ao chefe de Estado o papel de harmonizar e de garantir que haja respeito mútuo. Mas de passar moralidade, de jeito nenhum. Isso que gera instabilidade, o Estado passando moralidade em questão de aborto, e você vê facções dizendo não, ou vice-versa. Não permitindo o casamento gay, você gera problema. O princípio da subsidiariedade, que é carnal da família imperial e da igreja católica, permite que cada um exista e crie seu meio ambiente político e econômico, sobreviva, cresça e atinja sua plenitude sem interferência de uma moral externa que vá desrespeitar. Essa ideia é que precisa ser mais bem ventilada, sobretudo em relação a minorias. A estrutura de Estado defendida por eles não é a estrutura que vai resolver o problema. Centralmente, não vai. Os LGBTs nunca vão ganhar essa questão em plenitude sem causar uma tremenda celeuma com os conservadores, e os conservadores precisam entender que nunca vão ganhar essa questão sem criar uma tremenda "defensoria" das próprias vidas, e os dois saem perdendo. Não é para a União defender isso. Mesma coisa com o armamento, é uma questão local, não central. Ou a vaquejada e a farra do boi por exemplo, o STF legislando, porque tem um viés de 11 pessoas que pensam de tal maneira e determinam o que é certo para o país inteiro.

JC - O modelo ideal seria o de constituições estaduais, como ocorre nos Estados Unidos?

Orleans e Bragança - É o modelo essencial, porque, sem isso, não se cria estabilidade política. O objetivo final não é representatividade, isso é secundário. O principal é estabilidade com validação democrática. Tendo isso, você já conquistou um grande avanço no sistema político. Aí a questão da representatividade é totalmente secundária, e é onde criam-se argumentos, criam-se grupos de mobilização dizendo "você não é representativo de nós"; se esses pleitos se tornarem locais, ok. Mas o problema é, quando tu centralizas, os pleitos desestabilizadores afetam o todo, o centro, afetam tudo. Aí não tem escapatória. O Brasil não dá opção aos brasileiros, e a população precisa de opções. Nos Estados Unidos, há comunidades, como a dos amish, que não querem nem ter telégrafo ou energia elétrica. Em Utah há uma comunidade mórmon enorme, alguns polígamos. Há cidades LGBT, como é o caso de San Francisco e Key West. A função da União é preservar harmonia e estabelecer um convívio respeitoso, e é preciso desbancar o mito de que isso seria uma proposta moralista, porque não é.

Perfil

Luiz Philippe Maria José Miguel Gabriel Rafael Gonzaga de Orleans e Bragança tem 48 anos e nasceu no Rio de Janeiro. Cursou Administração pela Fundação Armando Alvares Penteado e tem mestrado em Ciência Política pela Universidade de Stanford (Estados Unidos), em 1993, e MBA no Insead Business School, na França. Com carreira no mercado financeiro e na área de mídia, trabalhou no banco de investimentos JP Morgan, e também foi diretor de negócios na América Latina da AOL. Em 2005, abriu uma empresa de distribuição de motopeças e, em 2012, iniciou uma incubadora de tecnologia. Tetraneto de Dom Pedro II, Luiz Philippe não faz parte da linha sucessória do trono brasileiro, porque seu pai, Eudes, renunciou em 1966 aos direitos dinásticos, abrindo mão da linha de sucessão para si e para os filhos. É cofundador do movimento Acorda Brasil, um dos que lideraram a mobilização pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff (PT). Luiz Philippe mora em São Paulo com a esposa, a dentista Fernanda Miguita, com quem tem um filho, Maximilian.

LINK ORIGINAL - JORNAL DO COMÉRCIO

POR QUE SOU MONARQUISTA? 1º motivo

Image may contain: 1 person, indoor

O Príncipe herdeiro é, desde a infância, preparado para sua função, é educado e recebe formação específica de longo alcance, é iniciado no exercício de sua função, durante anos, por seu pai. Durante anos a fio ele exerce numerosas missões diplomáticas, assume compromissos públicos e participa de recepções oficiais. É, ademais, assessorado por diversos conselheiros políticos. Está, pois, sempre perfeitamente a par da atualidade nacional e internacional.

[Este texto foi adaptado de um artigo escrito pelo sacerdote e escritor franco-belga Padre Daniel-Ange e publicado no periódico “La France Catholique”, em sua edição de 26 de julho de 2013, sobre a então recente sucessão no Trono da Bélgica. O artigo foi inicialmente enviado à Pró Monarquia – Casa Imperial do Brasil por nosso distinto amigo e colaborador, o Prof. Bernard Barrandon, traduzido e publicado na edição de número 36 do nosso boletim (referente aos meses de janeiro, fevereiro e março de 2014), “Herdeiros do Porvir”.]

Foto: S.A.I.R. o Príncipe Dom Luiz de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial e Imperador “de jure” do Brasil, enquanto herdeiro dinástico dos Imperadores Dom Pedro I e Dom Pedro II e da Princesa Dona Isabel.

sábado, 28 de outubro de 2017

PROMESSA DE FUTURO NA GLÓRIA DO PASSADO

Image may contain: 3 people, people smiling, people standing and indoor

SS.AA.RR. o Príncipe Dom Rafael do Brasil, quarto na linha de sucessão ao Trono, e seus primos, os Príncipes Dom Pedro Alberto e Dom Luiz Philippe de Orleans e Bragança, em uma foto histórica e cheia de significado.

Suas Altezas aparecem junto a uma Bandeira do Império que estava hasteada no Rio de Janeiro, então capital do Brasil, no dia 15 de novembro de 1889; portanto, assistiu ao golpe de Estado que depôs o Imperador Dom Pedro II e instaurou a República ilegítima em nosso País. Conservada por uma família brasileira, a Bandeira foi dada de presente aos pais do Príncipe Dom Luiz Philippe, no dia de seu nascimento, 3 de abril de 1969.

O significado histórico desta foto é obvio; mas ela também possui um significado futuro: três jovens Príncipes que vêm dedicando o melhor de seus esforços pela restauração do regime monárquico em nosso País, visando o melhor para os brasileiros, sobretudo o Príncipe Dom Rafael, que é a promessa de um futuro para a Monarquia no Brasil, como futuro Chefe da Casa Imperial e Imperador. Esta Bandeira é, sem dúvida, um elo entre o Segundo e o Terceiro Reinado.

sexta-feira, 27 de outubro de 2017

O PRÍNCIPE PERFEITO


Príncipe Perfeito, impecável de graça, de elegância, de polidez, nele se reuniam virtudes altíssimas de coração, de cultura e de caráter. Nasceu para um trono que estava cada dia mais próximo de si. De redor de sua figura moça e altiva, de sua palavra ardente e alta, agrupavam-se as expressões moças de sua pátria. 

De redor de sua fisionomia admirável de beleza moral, de honestidade, de patriotismo vibrante, de alegria vitoriosa, havia uma perpétua e crescente curiosidade por todos os conhecimentos. Seu nome era um orgulho para a mocidade de sua pátria. Havia em sua vida sadia e luminosa um sinal de irresistibilidade, de arrancada para a glória. 

Jornalistas, escritores, industriais, poetas, soldados e marinheiros voltavam fascinados por aquele moço de olhos azuis, aquele brasileiro exilado, que falava do Brasil sabendo tudo, prevendo tudo, amando todas as coisas, todos os homens de sua terra maravilhosa. 

Diante de seus olhos claros o Destino desdobrava perspectivas inesperadas e ridentes. Aos seus passos as simpatias multiplicavam-se como por milagre de fé e de esperança nas reservas morais de sua personalidade. 

- S.A.I.R. o Príncipe Imperial do Brasil, Dom Luiz de Orleans e Bragança (1878-1920), cognominado o Príncipe Perfeito, nas palavras do historiador Luiz da Câmara Cascudo.

COISAS DA MONARQUIA

Image may contain: 1 person, smiling, sitting and indoor

Na manhã da última quinta-feira, dia 16, a Rainha Elizabeth II do Reino Unido deu o seu consentimento régio, sancionando a Lei do Brexit. Agora, a Primeira Ministra Theresa May está autorizada a iniciar o processo de saída do País da União Européia.

No Reino Unido, nenhum projeto ganha força de lei sem antes receber a sanção da Rainha. Isso decorre do fato de que é um dos principais deveres da Soberana garantir que as ações dos membros eleitos do Parlamento estejam de acordo com a vontade nacional e as legítimas aspirações dos britânicos. E ninguém melhor para fazer isso do que uma grande dama que paira acima dos interesses partidários e das querelas políticas.

A decisão de deixar a UE foi tomada pelos britânicos, em referendo de 23 de junho do ano passado. Ao mesmo tempo em que levou os “europeístas” ao pânico, essa decisão trouxe uma brisa fresca de esperança para os milhões de habitantes dos 28 países membros da UE. A decisão dos britânicos abalou Bruxelas (a sede da gigantesca máquina burocrática da organização, bem parecida com a República do Brasil) como um terremoto; altos funcionários se perguntavam, alvoroçados, se o artificialismo burocrático ao qual servem teria chegado ao fim.

Agora, os burocratas sem rosto de Bruxelas temem que outros países membros queiram também consultar suas populações, a fim de acalmar a crescente insatisfação causada pelas absurdas intromissões da UE na vida nacional. Franceses gostariam de um referendo assim. Holandeses, suecos e finlandeses também. Se a moda pega...

Em meio a todo o alvoroço, a Rainha do Reino Unido, com seus 65 anos de reinado, próxima de completar 91 de idade e popularidade estratosférica, sorri enigmaticamente em suas aparições públicas. A Soberana – é tradição da Coroa – não se manifesta em matérias como referendos. Entretanto, jornais britânicos dos mais importantes afirmaram que Sua Majestade teria influenciado seu povo a deixar a UE. Se o fez, seu gesto foi elegante. E como foi esse gesto?

Afirmam esses órgãos da imprensa que a Rainha, em jantar pouco antes do referendo, com o ar distante e quase distraído com o qual uma professora pediria a seus alunos provas da redondeza da Terra, pediu aos convidados três razões para que o Reino Unido permanecesse na UE. Silêncio à mesa. Cada um passa ao vizinho a pergunta. Silêncio confuso e algo constrangedor dos convidados. Silêncio docemente prazenteiro da Soberana. A um tênue sinal, Sua Majestade ordena ao mordomo completar as taças de vinho. Sutil alçar de taças. Sua posição, assim declarada, fez rastilho de pólvora entre seus enlevados súditos.

GOD SAVE THE QUEEN!

Foto: S.M. a Rainha Elizabeth II do Reino Unido trabalha lendo o conteúdo de uma das suas “red boxes”, caixas vermelhas que, todos os dias, trazem documentos de Estado para serem lidos e projetos de lei para serem analisados e sancionados. A Soberana recebe as “red boxes” todos os dias do ano, com exceção apenas do Dia de Natal, aonde quer que esteja.

A IMPERATRIZ E AS COXINHAS

Image may contain: 1 person, text

O Imperador Dom Pedro II e a Imperatriz Dona Teresa Cristina eram pessoas simples, avessas a qualquer tipo de luxo, e as refeições palacianas eram revestidas de frugalidade.

O prato preferido do Imperador, sempre presente em todas as refeições, eram os caldos, especialmente uma suculenta canja de galinha. Parece que esta preferência era algum tipo de herança genética, já que sua bisavó, a Rainha Dona Maria I de Portugal, era igualmente amante da canja de galinha, da mesma forma como seu avô, o Rei Dom João VI, deliciava-se com as coxas de frango assado.

Ainda a esse respeito, conta-se que o filho mais velho da Princesa Imperial Dona Isabel, o então Príncipe do Grão-Pará, Dom Pedro de Alcântara, possuidor de um temperamento forte, era igualmente apreciador da coxa do frango, só que frita. Certa feita, Sua Alteza se atrasou para o lanche, ocasião em que foi servido frango frito em pedaços.

Como o Príncipe do Grão-Pará não se encontrava presente, seus irmãos mais novos, os Príncipes Dom Luiz e Dom Antonio, serviram-se cada um de uma das coxas. Quando o irmão mais velho chegou e se deu conta de que as coxas que ambicionava não se encontravam mais ali, pôs-se a chorar – crianças são sempre crianças! – e foi se queixar à avó, dizendo que os irmãos não haviam respeitado seu “direito de primogenitura”.

A Imperatriz, como sempre, sorridente, a tudo ouviu e tranquilizou o neto, dizendo: “Vá brincar mais um pouco que a vovó vai dar um jeito”. Avós também são sempre avós! Sua Majestade deu mesmo um jeito: desfiou um pouco do peito do frango, fez uma massa de farinha de trigo, misturou-a com o frango desfiado, envolveu-a em farinha de rosca, amassou tudo nas mãos em forma de coxas, colocou um osso fino na parte da ponta e levou à frigideira para fritar.

Em poucos minutos, nascia a “coxinha de frango”, pronta para ser saboreada pelo pequeno Príncipe do Grão-Pará. Foi um grande sucesso, e Sua Alteza ainda pôde debochar dos irmãos, dizendo que “a coxa de frango da vovó” era muito mais gostosa. A partir de então, os três Imperiais infantes, na hora do lanche, só queriam comer “a coxa de frango feita pela vovó para o mano Pedro”.

A origem Imperial da coxinha, tão popular nas lanchonetes de hoje, foi narrada de boca em boca desde o fim do Império, até os primeiros anos do século XX, caindo no esquecimento com rolar dos tempos. Mas o fato verídico ficou gravado.

- Baseado em trecho do livro “Sua Majestade Imperial D. Thereza Christina Maria de Bourbon e Bragança – ‘A Mãe dos Brasileiros’”, do Prof. Rogerio da Silva Tjäder.

Retrato: S.M.I. a Imperatriz Dona Teresa Cristina do Brasil (1822-1889).

O MOINHO DE SANS-SOUCI

Image may contain: sky, tree and outdoor

Um episódio muito curioso ocorreu com o Rei Frederico II da Prússia, cognominado o Grande, que reinou de 1740 a 1786, sendo um dos Soberanos mais absolutistas que a Histórica conheceu, protótipo do déspota coroado, mas que considerava normal respeitar a propriedade privada de um pobre moleiro.

Aconteceu que o Rei mandou construir, inteiramente segundo seu gosto, um Palácio, ao qual deu o nome francês de Sans-Souci. Concluída a construção do Palácio, quando se tratou de proceder o ajardinamento das áreas que o cercavam, aconteceu que um moleiro, velho e teimoso, não quis vender ao Rei o seu moinho... que ficava bem no meio da área que, nos planos régios, seria ocupada pelo parque.

O Soberano ofereceu pagar a quantia que o moleiro estipulasse, por mais elevada que fosse. Mas este, obstinado, recusou. Qualquer governante republicano atual não hesitaria: imediatamente fulminaria um decreto de desapropriação por interesse público. Tal solução não foi adotada pelo déspota coroado.

O Rei simplesmente se resignou a ter, bem no meio do seu parque, a companhia incômoda do moinho, que fazia barulho e sujava a área com a farinha que o vento levava. E o célebre moinho acabou por se incorporar definitivamente ao parque régio.

Conta-se que, mais de cem anos depois, os descendentes do moleiro, necessitando de dinheiro, procuraram o remoto sucessor do Rei Frederico II, para lhe perguntar se não desejaria adquirir o moinho. O Rei Frederico Guilherme IV se recusou fazer a compra, mas ordenou que fosse entregue aos moleiros, como presente, a quantia que eles pretendiam receber pela venda.

Isso porque a permanência daquele moinho, como propriedade privada encastoada dentro do Palácio de Sans-Souci, era um símbolo das liberdades prussianas, era um monumento nacional, que permanece de pé até os dias de hoje.

- Baseado em trecho do livro “Parlamentarismo, sim! Mas à brasileira, com Monarca e Poder Moderador eficaz e paternal”, do Prof. Armando Alexandre dos Santos.

Foto: o Moinho do Palácio de Sans-Souci.

O INTERESSE DO BRASILEIRO PELA MONARQUIA

Image may contain: 4 people, people smiling, people standing and wedding

Quando o Príncipe de Gales, herdeiro da Coroa Britânica, casou-se com Lady Diana Spencer, em julho de 1981, 750 milhões de pessoas, nos cinco continentes, acompanharam atentamente a cerimônia, pela televisão. Quase um quinto da população da terra!

No Brasil, a cerimônia foi transmitida ao vivo pela televisão, às 7h da manhã. Tantas foram as pessoas que, desde os dias anteriores, solicitaram ao serviço de despertar da Companhia Telefônica de São Paulo que as acordasse na hora da transmissão, que esse serviço – pela primeira e única vez desde que foi instituído – não conseguiu atender a todos pontualmente.

Já às 5h30 da manhã, a TELESP começou a telefonar para muitos lares, desculpando-se por estar telefonando tão cedo. Mas, se não começasse a chamar muito cedo, não conseguiria acordar a todos...

Trinta anos mais tarde, em abril de 2011, quando o primogênito do casal, o Príncipe William, Duque de Cambridge, desposou a jovem Catherine Middleton, as projeções indicaram que um total de dois bilhões de pessoas – um terço da população mundial! – acompanhou a cerimônia, ao vivo, pela televisão. No Brasil, as pessoas acordaram antes do sol nascer para assistir ao início da cobertura, com o Ibope registrando um aumento de 48% na audiência da TV aberta entre as 6 e as 9h da manhã naquele dia.

Esses fatos são bem significativos para demonstrar o quanto, até hoje, tudo o que diz respeito à Monarquia desperta interesse em larguíssimas faixas da opinião pública. Tal não ocorre apenas nos países que conservam essa forma de governo; mas também em países que há muito a aboliram – é bem esse o caso do Brasil –, e até mesmo em países que sempre foram Repúblicas.

- Baseado em trecho do livro “Parlamentarismo, sim! Mas à brasileira, com Monarca e Poder Moderador eficaz e paternal”, do Prof. Armando Alexandre dos Santos.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

O RAMO NÃO-DINÁSTICO DA FAMÍLIA IMPERIAL BRASILEIRA

Image may contain: 5 people, people standing, people sitting and indoor

O filho primogênito da Princesa Dona Isabel e do Conde d’Eu, o Príncipe Dom Pedro de Alcântara, Príncipe Imperial do Brasil enquanto herdeiro dinástico de sua mãe, era grande amante de caçadas, de esportes e de viagens. Propendia mais para a vida em família, com as amenidades próprias do lar doméstico, e para a vida social em escala privada, não se sentindo particularmente afeito aos incertos vaivéns da política e aos embates da vida pública.

O Príncipe Dom Pedro de Alcântara se apaixonou, por volta de 1900, por uma jovem dama checa, a Baronesa Elisabeth Doberzenky von Dobrzenicz, filha do Barão João Wenzel Doberzensky von Dobrzenicz e da Condessa Elisabeth Kottulinsky von Kottulin. A Baronesa Elisabeth pertencia a uma Família da pequena nobreza, há muito estabelecida na Boêmia, mas não era Princesa de sangue real.

Portanto, a Princesa Dona Isabel, enquanto Chefe da Casa Imperial e Imperatriz “de jure” do Brasil, não viu com bons olhos o pretendido matrimônio de seu primogênito e herdeiro. Sua posição não se devia, como poderia parecer, a um antipático “orgulho de casta”. Sem dúvida, pesavam no espírito da Redentora razões de prestígio para a Família Imperial Brasileira – e, por extensão, para o próprio Brasil – relativamente ao nível das esposas de seus filhos. Mas, muito acima disso, sua posição se explicava, sobretudo, pela preocupação que Sua Alteza tinha de que seus filhos se casassem em Famílias que cultivassem o mesmo espírito de sacrifício dos Príncipes em favor de suas pátrias.

Assim sendo, a Chefe da Casa Imperial e o Conde d’Eu pediram que o Príncipe Imperial, durante alguns anos de reflexão, pusesse à prova seu amor pela Baronesa Elisabeth, retardando o casamento. Após a prolongada espera, afinal, o Príncipe Imperial, “tendo maduramente refletido”, “por muito livre e espontânea vontade”, renunciou “não só por mim, como por todos e cada um dos meus descendentes”, a todo e qualquer direito à Coroa e Trono do Brasil.

O documento de renúncia – que não reproduzimos aqui por ser muito conhecido e divulgado – foi assinado em Cannes, no dia 30 de outubro de 1908, diante da Chefe da Casa Imperial do Brasil, que, nos termos dos Artigos 11 e 98 da Constituição Imperial de 1824, representava a Nação Brasileira, e foi aceito por Sua Alteza. A Redentora, oficializando-o, comunicou-o formalmente ao Diretório Monárquico do Brasil, sediado no Rio de Janeiro e composto por antigos Ministros e Conselheiros de Estado do Império.

Com seu ato de renúncia, que constituiu ato jurídico perfeito e acabado, cuja inteira validade ninguém pode por em dúvida, o Príncipe Dom Pedro de Alcântara perdeu a condição de Príncipe Imperial do Brasil, que passou ao seu irmão, o Príncipe Dom Luiz (este, por respeito ao irmão mais velho, também havia prolongado seu próprio noivado, com a Princesa Maria Pia de Bourbon-Sicílias, com quem veio a se casar pouco depois da renúncia de seu irmão, no dia 4 de novembro de 1908).

Removidos, pois, os obstáculos para o matrimônio, o Príncipe Dom Pedro de Alcântara se casou, no dia 14 de novembro de 1908, em Versalhes, com a Condessa Elisabeth Doberzenky von Dobrzenicz (o Imperador Francisco José I da Áustria, acatando um pedido de sua prima, a Redentora, e por amizade e simpatia pelo Príncipe Dom Pedro de Alcântara, elevou a Família de sua noiva à condição de Condes, antes do casamento).

O casal teve cinco filhos: a Princesa Dona Isabel (1911-2003), que se casou com o Príncipe Henrique de Orleans, Conde de Paris e, desde 1940, Chefe da Casa Real da França; o Príncipe Dom Pedro Gastão (1913-2007), que desposou a Princesa Esperança de Bourbon; a Princesa Dona Maria Francisca (1914-1968), casada com o Príncipe Dom Duarte Nuno, Duque de Bragança e Chefe da Casa Real de Portugal; o Príncipe Dom João (1916-2005), casado com a nobre egípcia Fátima Scherifa Chirine, e, em segundas núpcias, com a dama brasileira Teresa Silva Leite; e a Princesa Dona Thereza (1919-2011), que foi a última neta viva da Redentora e do Conde d’Eu, desposada pelo industrial luso-espanhol Ernesto Martorell y Calderó.

Ainda em meados da década de 1920, após ter sido revogado o injusto banimento da Família Imperial, o Príncipe Dom Pedro de Alcântara se transferiu definitivamente, com a esposa e os filhos, para o Brasil, fixando residência em Petrópolis, sua cidade natal, onde viveram no Palácio do Grão-Pará, um anexo do Palácio de Verão (atual Museu Imperial de Petrópolis). Seu pai, o Conde d’Eu, havia desejado muito fixá-lo no Castelo d’Eu, propriedade adquirida pela Família Imperial na Normandia, França, pois desejava que seu filho primogênito, afastado da sucessão ao Trono do Brasil, estabelecesse um novo Ramo da Casa Real Francesa, os Orleans-Eu. Entretanto, o Príncipe Dom Pedro de Alcântara, após a morte do pai, tão logo que pôde, preferiu retornar ao Brasil, terra onde nascera e pela qual conservava profunda nostalgia.

A descendência do Príncipe Dom Pedro de Alcântara e da Princesa Dona Elisabeth constitui, portanto, o Ramo não-dinástico da Família Imperial Brasileira, permanecendo sua condição de Príncipes e Princesas, com o tratamento de Altezas Reais, desde que nascidos de matrimônios legítimos, celebrados de acordo com o rito da Igreja Católica.

- Baseado em trecho do livro “Dom Pedro Henrique, o Condestável das Saudades e da Esperança”, do Prof. Armando Alexandre dos Santos.

Foto: SS.AA.RR. o Príncipe Dom Pedro de Alcântara e a Princesa Dona Elisabeth de Orleans e Bragança e seus quatro filhos mais novos, os Príncipes Dom Pedro Gastão e Dom João e as Princesas Dona Maria Francisca e Dona Thereza de Orleans e Bragança, na residência da família, o Palácio do Grão-Pará, em Petrópolis; a primogênita, a Princesa Dona Isabel, já havia se casado com o Príncipe Henrique de Orleans, Conde de Paris e Chefe da Casa Real da França, e, portanto, residia na Europa. Do casal e de seus filhos varões descende o Ramo não-dinástico da Família Imperial Brasileira, sem direitos ao Trono do Brasil.

O BOM HUMOR NA CORTE

Image may contain: 1 person

Dom Francisco de Almeida, Conde de Galveias, foi uma das figuras mais simpáticas da Corte luso-brasileira. Era desleixado, e raramente se barbeava. Em um dia de festa, quando se apresentou perante o Rei Dom João VI com a barba crescida, este lhe disse:

– Mas, Dom Francisco, nem hoje, dia de meus anos, fizeste a barba?

Ao que o bem-humorado cortesão retrucou:

– Por que não fez Vossa Majestade anos anteontem, que foi o dia em que me barbeei?

- Baseado em trecho do livro “Revivendo o Brasil-Império”, de Leopoldo Bibiano Xavier.

Retrato: S.M.F. o Rei Dom João VI de Portugal, Brasil e Algarves (1767-1826).

O CASAMENTO DO FUTURO IMPERADOR DO BRASIL

Image may contain: 6 people, people standing and wedding

O Príncipe Dom Pedro Henrique de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil de 1921 a 1981, casou-se em 19 de agosto de 1937, com a Princesa Maria da Baviera, que passou a ser intitulada Princesa Consorte do Brasil. A noiva era filha do Príncipe Francisco da Baviera e de sua esposa, a Princesa Isabel de Croÿ, e neta de Luís III, último Rei da Baviera.

O casamento repercutiu muito nos meios monárquicos de vários países europeus, e foi igualmente comemorado pelos monarquistas brasileiros, existindo, nos arquivos da Casa Imperial do Brasil, numerosas manifestações de regozijo pelo fato. Por amor à brevidade, transcrevemos na íntegra apenas uma notícia, extraída do periódico “L’Action Française”, de Paris, em sua edição de 26 de agosto de 1937, e reproduzida, entre outros, pelo “Correio Imperial”, publicação monarquista do Recife, a 22 de setembro daquele ano, sob o título “O casamento do futuro Imperador do Brasil”:

“Um casamento principesco – O casamento do S.A.R. o Príncipe Henrique de Orleans-Bragança, pretendente ao Trono do Brasil, com S.A.R. a Princesa Maria da Baviera, filha de S.A.R. o Príncipe Franz da Baviera e sobrinha de S.A.R. o Príncipe Real Ruperto, foi celebrado ontem pela manhã, às 11 horas, na capela do Castelo de Nynphenburg, a 5 quilômetros da capital bávara, por Monsenhor Miguel Faulhaber, Arcebispo de Munique.

Numerosas personalidades pertencentes às Casas Reais da Espanha e da Baviera fizeram parte do cortejo.

À frente do cortejo nupcial iam o Príncipe Real Ruperto da Baviera e a esposa, e Sua Majestade o Rei de Espanha, Afonso XIII.

A Princesa Maria da Baviera foi conduzida ao altar pelo Príncipe Franz, ao passo que seu noivo, Príncipe Henrique, dava o braço a S.A.R. a Princesa Luísa de Orleans.

Formavam o cortejo o Duque de Wurtemberg, com a Princesa Luísa Ferdinanda; S.A.R. o Príncipe Luiz Ferdinando e a Duquesa de Wurtemberg; S.A.R. o Arquiduque Jorge da Áustria e a Princesa Helmtrude da Baviera; o Príncipe Alberto da Baviera, o Príncipe das Astúrias, a Princesa das Astúrias, a Princesa de Saxe, como numerosas personalidades; o Príncipe Czartorisky e a Princesa Dolores de Bourbon, recentemente casados, realçaram a cerimônia com suas presenças.

Antes da cerimônia propriamente dita, o Cardeal Faulhaber salientou o alto valor moral do Sacramento do Matrimônio na religião católica, e comparou-o com ‘o dos países onde o casamento é considerado apenas como uma proteção à raça’.

Monsenhor Faulhaber leu uma carta de Mons. Eugenio Pacelli, Secretário de Estado de S.S. o Papa Pio XI, transmitindo a bênção concedida pelo Santo Padre aos jovens esposos. Depois de assistirem à Missa, os noivos regressaram, com seus convidados, ao castelo para almoçar.”

Nesta notícia, que transcrevemos com algumas de suas pequenas incorreções, há um pormenor muito simpático que vale destacar: o Cardeal Faulhaber, grande amigo do Chefe da Casa Imperial e da Princesa Consorte do Brasil, estava conduzindo, naquela época, uma corajosa resistência católica contra o regime nazista, então todo poderoso na Alemanha. O heroico Cardeal aproveitou para, criticando países “onde o casamento é considerado apenas como uma proteção à raça”, lançar uma farpa bem dirigida ao regime nazista.

Da união do Príncipe Dom Pedro Henrique e da Princesa Dona Maria, que durou 44 anos, até a morte do primeiro, resultaram doze filhos: os Príncipes Dom Luiz (atual Chefe da Casa Imperial do Brasil), Dom Eudes, Dom Bertrand (atual Príncipe Imperial do Brasil), Dom Pedro de Alcantara, Dom Fernando, Dom Antonio (atualmente terceiro na linha de sucessão ao Trono do Brasil), Dom Francisco e Dom Alberto e as Princesas Dona Isabel (atualmente sexta na linha de sucessão), Dona Eleonora (Princesa de Ligne pelo casamento; sétima na linha de sucessão), Dona Maria Thereza (Senhora Johannes Hessel de Jong) e Dona Maria Gabriela de Orleans e Bragança.

- Baseado em trecho do livro “Dom Pedro Henrique, o Condestável das Saudades e da Esperança”, do Prof. Armando Alexandre dos Santos.

Foto: casamento de SS.AA.II.RR. o Príncipe Dom Pedro Henrique de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil, e da Princesa Consorte do Brasil, Dona Maria da Baviera de Orleans e Bragança; da esquerda para a direita, S.A.I.R. a Princesa Imperial Viúva do Brasil, Dona Maria Pia de Bourbon-Sicílias de Orleans e Bragança, mãe do noivo; S.A.R. o Príncipe Francisco da Baviera, pai da noiva; os noivos; S.A.R. a Grã-Duquesa Carlota de Luxemburgo; S.A.R. a Princesa Isabel de Croÿ, mãe da noiva; na fileira de trás, S.A.R. a Princesa Dona Isabel de Orleans e Bragança, Condessa de Paris, prima-irmã do noivo; , S.A.R. o Príncipe Henrique de Orleans, Conde de Paris; e S.M. o Rei Afonso XIII da Espanha.

A ORDEM DE MALTA

Image may contain: 2 people, people standing

A Ordem de Malta – oficialmente a Ordem Soberana e Militar Hospitalária de São João de Jerusalém, de Rodes e de Malta, ou Cavaleiros Hospitalários – foi fundada por volta do ano 1048, como uma ordem monástica, cujo objetivo era auxiliar os peregrinos e enfermos e acolher os indigentes.

Em 1113, através de uma bula do Papa Pascoal II, a Ordem se tornou isenta da Igreja Católica e, sob a liderança do Beato Gerardo Tum, transformou-se em uma ordem de cavalaria religiosa e militar, sendo responsável por defender os enfermos e os territórios cristãos da Terra Santa. No ano de 1291, com a perda de São João d’Acre – último baluarte da Cristandade na Terra Santa –, a Ordem se restabeleceu na ilha de Chipre, ocupando também, a partir de 1310, a ilha de Rodes, onde adquiriu soberania territorial.

A fim de proteger a Cristandade, a Ordem formou uma grande frota militar; governada por um Grão-Mestre, intitulado Príncipe de Rodes, e por um Conselho Soberano, cunhava moedas e mantinha relações diplomáticas com outros Estados. Em diversas ocasiões, os Cavaleiros impediram ataques dos turcos otomanos; contudo, tiveram de capitular e deixar a ilha de Rodes em 1523, diante de um ataque do poderoso exército do Sultão Solimão, o Magnífico. Na ocasião, o Sacro Imperador Carlos V concedeu, como feudo soberano, as ilhas de Malta, Gozo e Comino, bem como a cidade de Trípoli, à Ordem, que, em 1530, mediante autorização do Papa Clemente VII, tomou posse de Malta.

No ano de 1565, durante o Grande Assédio, os otomanos foram derrotados pelos Cavaleiros, e a frota da Ordem de São João, que logo passou a ser chamada de Ordem de Malta, estabeleceu-se como uma das mais poderosas frotas do Mediterrâneo, contribuindo para a derrota definitiva das forças otomanas, durante a Batalha de Lepanto, em 1571.

Contudo, em 1798, a ilha de Malta foi ocupada por tropas da Primeira República Francesa, sob a liderança do então General Napoleão Bonaparte, durante sua campanha no Egito. Os Cavaleiros, impedidos por suas leis de lutar contra outros cristãos, viram-se obrigados a abandonar sua ilha, que, em 1802, seria ocupada pelos britânicos. Apenas em 1834 a Ordem conseguiu se estabelecer, de forma definitiva, em Roma, onde adquiriu o Palácio de Malta, que possui privilégio de extraterritorialidade. Assim, sua missão principal voltou a ser o serviço aos pobres e enfermos.

Tradicionalmente, os Cavaleiros de Malta eram membros da realeza e da nobreza católicas da Europa; atualmente, ainda que os Cavaleiros de Honra e Devoção tenham que ter quatro avós nobres em 200 anos ou que a varonia de seu avô paterno tenha pelo menos 450 anos de sangue azul, as classes mais baixas de cavalaria admitem pessoas de todas as classes sociais e de todos os Continentes, exigindo apenas méritos e espírito altruísta de seus membros. Além disso, a Ordem de Malta jamais deixou de ser considerada soberana, mantendo relações diplomáticas com 104 países e 17 organizações internacionais, tendo uma representação permanente na Organização das Nações Unidas.

A Família Real Portuguesa sempre manteve vínculos estreitos com a Ordem de Malta, tendo sido seu 11º Grão-Mestre Dom Afonso de Portugal, filho natural do primeiro Rei de Portugal, Dom Afonso Henriques; e enquanto reinou a Dinastia de Avis, por várias vezes Príncipes da Casa Real ocuparam a Sede do Priorado do Catro, extenso e valioso senhorio, abrangendo vasta extensão do território português, que foi cedido em 1232, pelo Rei Dom Sancho II, aos Cavaleiros da então Ordem de São João de Jerusalém, em recompensa por seu auxílio na luta contra os mouros.

Entre 1527 e 1555, serviu como Prior do Catro o Infante Dom Luís, Duque de Beja, filho do Rei Dom Manuel I, o Bem-Aventurado, em cujo reinado foi descoberto o Brasil. No período da Dinastia de Bragança, as relações entre a Família Real e o Priorado se tornaram permanentes; em 1789, o Papa Pio VI determinou que um Príncipe da Casa Real de Portugal fosse sempre o detentor do título de Grão-Prior do Catro. O Rei Dom Pedro III, esposo e tio da Rainha Dona Maria I, bem como seu filho, o nosso querido Rei Dom João VI, sempre demonstraram grande afeição pela Ordem de Malta.

Após a Independência do Brasil e a fundação de nosso Império, a Família Imperial Brasileira manteve os vínculos com a Ordem, tendo sido o Imperador Dom Pedro I Grão-Prior do Catro desde 1799, e vários retratos de nosso primeiro Soberano independente mostram o uso constante que fazia, pondo o hábito pendente da Ordem de Malta sob a insígnia da Ordem do Tosão de Ouro. Sua esposa, a Imperatriz Dona Leopoldina, havia sido admitida na Ordem em 1817, como Dama Grã-Cruz de Honra e Devoção. Igualmente, o filho do casal, o Imperador Dom Pedro II, foi investido Bailio Grã-Cruz de Honra e Devoção, a mais alta graduação da Ordem, no ano de 1846, enquanto sua consorte, a Imperatriz Dona Teresa Cristina, foi, a partir de 1878, Dama Grã-Cruz de Honra e Devoção, como retribuição do então Grão-Mestre da Ordem, Príncipe Frei Giovanni Battista Ceschi a Santa Croce, que havia sido feito Cavaleiro Grã-Cruz da Ordem de Nosso Senhor Jesus Cristo pelo Imperador.

Curiosamente, nem a Princesa Dona Isabel, a Redentora, nem seu esposo, o Conde d’Eu, e os três filhos do casal, os Príncipes Dom Pedro de Alcântara, Dom Luiz e Dom Antonio, ingressaram na Ordem de Malta, e somente em 1972 um membro da Família Imperial Brasileira, do Ramo não-dinástico de Petrópolis, o Príncipe Dom Pedro Gastão de Orleans e Bragança, tornou-se Bailio Grã-Cruz de Honra e Devoção, após ter recepcionado, em 1966, em sua residência, o Palácio do Grão-Pará, em Petrópolis, o Grão-Mestre Príncipe Frei Angelo de Mojana di Cologna, que estava em visita oficial ao Brasil.

Já no ano de 1974, foi a vez do próprio Chefe da Casa Imperial do Brasil, o Príncipe Dom Pedro Henrique de Orleans e Bragança, ser admitido, igualmente na condição de Bailio Grã-Cruz de Honra e Devoção, na Soberana Ordem de Malta, além de ter recebido, posteriormente, a Cruz de Devoção. Por várias vezes, Sua Alteza participou, ao lado do Presidente da República, Dr. Juscelino Kubitschek, da celebração da Missa anual da Ordem, no Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro. Sua esposa, a Princesa Consorte e Princesa Mãe do Brasil, Dona Maria da Baviera de Orleans e Bragança, também foi, assim como as ancestrais de seu esposo, Dama Grã-Cruz de Honra e Devoção.

No dia 30 de outubro de 2002, dois filhos do Casal Imperial, os Príncipes Dom Luiz de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil, e Dom Bertrand de Orleans e Bragança, Príncipe Imperial do Brasil, ingressaram na Ordem de Malta de forma singular: em cerimônia celebrada em Roma, na sede da Ordem, o Palácio de Malta, e presidida diretamente pelo então Grão-Mestre, Príncipe Frei Andrew Bertie, seguida de um memorável almoço de comemoração oferecido pelo saudoso Marquês Luigi Conda Nunziante de San Ferdinando, nobre italiano e grande amigo dos Príncipes brasileiros.

Por sua vez, o Príncipe Dom Antonio de Orleans e Bragança, terceiro na linha de sucessão ao Trono, ingressou como Bailio Grã-Cruz de Honra e Devoção da Ordem de Malta em 24 de junho de 2010, dia de seu 60º aniversário e também festa litúrgica de São João Batista, Padroeiro da Ordem, em homenagem a quem o Príncipe Dom Antonio recebeu seu segundo prenome, João. O ingresso de Sua Alteza se deu durante Missa Solene no Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro, celebrada pelo Abade Dom Roberto Lopes, também Capelão Conventual da Ordem. À celebração, seguiu-se jantar na Casa Julieta Serpa, realizado em benefício da obras assistenciais da Ordem de Malta na cidade do Rio de Janeiro. O Príncipe Dom Antonio atualmente também serve como Hospitalário para os Estados do Rio de Janeiro, Minas Gerais e Espírito Santo.

Assistiram à investidura de Sua Alteza, além de seu irmão, o Príncipe Imperial Dom Bertrand, sua esposa, a Princesa Dona Christine de Ligne de Orleans e Bragança, e dois filhos do casal, o Príncipe Dom Rafael e a Princesa Dona Maria Gabriela, e vários sobrinhos, bem como o Conde Antoine de Nicolaÿ, neto da Princesa Dona Pia Maria de Orleans e Bragança, Condessa René de Nicolaÿ pelo casamento, tia do Príncipe Dom Antonio.

Outro irmão do Chefe da Casa Imperial, do Príncipe Imperial e do Príncipe Dom Antonio, o Príncipe Dom Eudes de Orleans e Bragança, também ingressou como Bailio Grã-Cruz de Honra e Devoção da Ordem de Malta, no dia 24 de junho de 1974. E também cabe destacar que outro descendente do Imperador Dom Pedro II, Dom Carlos Tasso de Saxe-Coburgo e Bragança, é membro proeminente da Ordem, também como Bailio Grã-Cruz de Honra e Devoção, além de um dos Presidentes de Honra da Associação de São Paulo e Brasil Meridional da Ordem, tendo ocupado a presidência efetiva da entidade entre 1960 e 1965.

Foto: S.A.R. o Príncipe Dom Antonio de Orleans e Bragança, Príncipe do Brasil e terceiro na linha de sucessão ao Trono, durante sua cerimônia de investidura como Bailio Grã-Cruz de Honra e Devoção da Ordem de Malta, em 24 de junho de 2010, dia de seu 60º aniversário e também festa litúrgica de São João Batista, Padroeiro da Ordem, no Mosteiro de São Bento do Rio de Janeiro.

UM PLEBISCITO QUE ASSUSTOU

Image may contain: 2 people

Em 1993, quando realizado o Plebiscito sobre a Forma e Sistema de Governo, muitas pesquisas informais, realizadas após palestras principalmente, indicavam a vitória da Monarquia Parlamentarista, dobrando em dois até os mais fervorosos republicanos. No entanto, as oficiais apontavam que ao menos um quarto da população brasileira iria votar pela restauração monárquica.

Mesmo diante de todos os empecilhos impostos pelo Estado, a começar pela cédula mal formulada, passando pela antecipação do pleito, como a mudança da data de 7 de Setembro, Dia da Pátria, data magna para os monarquistas, para 21 de Abril, feriado de Tiradentes, data favorável aos republicanos, e tantos outros que geraram desigualdade de posições, a Monarquia Parlamentarista recebeu 13,4% dos votos válidos. Uma vitória moral, após mais de 104 anos de silêncio imposto aos defensores do regime monárquico.

Contou-se na imprensa internacional que, assustado com o crescimento da Monarquia nas pesquisas, o Presidente da República, Itamar Franco, que sucedeu Collor de Melo após o seu impeachment, retirou de seu escritório no Palácio do Planalto o quadro do primeiro Imperador do Brasil, Dom Pedro I, e “trocou com toda pressa” por um busto de mármore de outro herói da Independência, provavelmente José Bonifácio de Andrada e Silva, para “exorcizar” o crescimento monárquico.

A anedota, real, foi contada pelo jornal italiano “La Repubblica”, em 31 de Março de 1993; Hoje, após o mesmo episódio de impeachment, jornais italianos acusam que cresce novamente no Brasil o desejo pelo retorno da Monarquia, desta vez, de maneira orgânica, fomentada pela debilidade da corrupta instituição da Presidência da República, na qual os últimos dois Presidentes e o atual estão sendo investigados em negociatas.

Pesquisas informais, realizadas por portais da internet, como o Terra em 2013, em lembrança aos 20 anos do Plebiscito, pelo Financial Times, o gigante e prestigiadíssimo jornal britânico de negócios, e pela apresentadora Mariana Godoy, da RedeTV!, ambas realizadas neste ano, mostram todas a Monarquia Parlamentarista com uma aceitação entre 65% a 80% dos Brasileiros. Resta saber: será que o quadro de Dom Pedro I continua no escritório da Presidência no Planalto?

Foto: SS.AA.II.RR. os Príncipes Dom Luiz de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil, e Dom Bertrand de Orleans e Bragança, Príncipe Imperial do Brasil, na época do Plebiscito de 1993.

A CARIDADE DO CASAL IMPERIAL

Image may contain: 2 people

Exilada a Família Imperial Brasileira desde o golpe republicano de 15 de novembro de 1889, a Princesa Dona Isabel, a Redentora, e o Conde d’Eu passaram a viver na França, passando parte do ano no Castelo d’Eu, na Normandia.

Lá, era muito intenso o relacionamento da Família Imperial com a população local, que tinha verdadeira veneração por nossa realeza. O Conde d’Eu, além de assíduo na igreja paroquial de Eu e benfeitor dela, visitava pessoalmente pessoas simples do local, sobretudo quando doentes, informava-se sobre elas, ajudava-as e chegava a dar notícias delas, como assuntos de interesse palpitante, em suas cartas a parentes e amigos.

Frequentavam o Castelo algumas senhoras brasileiras, amigas da Princesa Dona Isabel (àquela altura, já Chefe da Casa Imperial e Imperatriz "de jure" do Brasil) e que haviam acompanhado a Família Imperial no exílio. Entre elas, as três Senhoritas Penha, que, com o patrocínio da Redentora e ajuda das Princesinhas, suas netas, e de outras amigas, dirigiam, todas as quintas-feiras, uma sessão de trabalhos para confeccionar paramentos e ornamentos para igrejas. Enquanto trabalhavam, rezavam o terço em voz alta.

O Conde d’Eu também fazia caridade, tendo instituído, com sua esposa, uma obra chamada Fogão Econômico, que consistia em servir, numa das dependências do Castelo, refeições a idosos pobres. Colaboravam com essa obra algumas senhores piedosas da nobreza, e o Conde d’Eu, sempre preocupado com a formação moral e religiosa dos netos, estimulava a que estes estivessem presentes na hora da distribuição, algumas vezes chegando a participar da refeição dos beneficiários.

- Baseado em trecho do livro “Dom Pedro Henrique – O Condestável das Saudades e da Esperança”, do Prof. Armando Alexandre dos Santos.

Foto: SS.AA.II. a Princesa Dona Isabel de Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil, e o Príncipe Dom Gastão de Orleans, Conde d'Eu, na velhice, durante o exílio.

terça-feira, 24 de outubro de 2017

PAÍSES COMO INGLATERRA, BÉLGICA, ESPANHA E JAPÃO TÊM PRÍNCIPES E PRINCESAS. MAS NÓS, NO BRASIL, NÃO TEMOS.

Image may contain: 6 people, people standing, tree, child and outdoor

Isso não é verdade. Nós temos, sim, príncipes e princesas no Brasil. Temos uma Família Imperial que foi destronada em 1889, mas que apesar de não reinante se manteve ao longo das gerações, sempre à disposição de servir ao Brasil, desde os tempos do Imperador D. Pedro I, de D. Pedro II e da Princesa Isabel.

– Trecho da cartilha "Direita? Esquerda? Siga o melhor caminho: Monarquia" da Pró Monarquia - Casa Imperial do Brasil

Imagem: A Família Imperial do Brasil em 1889.

segunda-feira, 23 de outubro de 2017

QUEM SERIA HOJE, ENTÃO, O REI DO BRASIL?

Image may contain: 1 person, indoor

Se houvesse Monarquia, não teríamos propriamente um “Rei”, mas um Imperador; não seríamos um Reino, mas um Império. As tradições da Monarquia brasileira são imperiais, devido à imensidão da nossa Pátria. Aliás, o Brasil é assim imenso devido aos governos sábios de nossos antigos Imperadores, que souberam manter a nossa unidade, ao contrário dos outros países da América do Sul que se dividiram em numerosas repúblicas e republiquetas. Nosso Imperador hoje seria D. Luiz de Orleans e Bragança, o herdeiro da Família Imperial Brasileira.

– Trecho da cartilha "Direita? Esquerda? Siga o melhor caminho: Monarquia" da Pró Monarquia - Casa Imperial do Brasil

Foto: Príncipe D. Luiz de Orleans e Bragança.

MAS, AFINAL, O QUE É MONARQUIA?


Monarquia é um sistema de governo em que o monarca reina vitaliciamente sobre um país, como Chefe de Estado. A transmissão de poder ocorre de forma hereditária (de pai para filho). O país tem, assim, unidade em torno da pessoa do Monarca, e tem continuidade na sua administração.

A dinastia, a família soberana, é sempre a mesma, é patrimônio do país e está sempre ao seu inteiro serviço, quaisquer que sejam as mudanças da vida política, sem as disputas e divisões das eleições para Presidente da República.

– Trecho da cartilha "Direita? Esquerda? Siga o melhor caminho: Monarquia" da Pró Monarquia - Casa Imperial do Brasil

Imagem: Vitral da Coroa de Dom Pedro II, no Palacete da Ilha Fiscal.

SE VOLTASSE A MONARQUIA NO BRASIL, COMO SERIA?

Image may contain: 9 people, people standing and indoor

Seria como nas monarquias da atualidade, ou seja, constitucional, de tipo parlamentarista. Nelas, o soberano reina como Chefe de Estado, mas não lhe cabe cuidar do governo e da administração nacional, que são atribuições de um governo indicado pelo Parlamento e chefiado por um Primeiro Ministro, que normalmente é líder do partido político mais votado.

O Soberano simboliza a nação, é a representação viva da pátria e exerce, no conjunto do país, um poder Moderador que garante o equilíbrio geral dos demais poderes; já o Primeiro-Ministro trata das questões políticas, administrativas, governamentais em geral. Um exemplo bem característico desse sistema é o da Inglaterra atual.

– Trecho da cartilha "Direita? Esquerda? Siga o melhor caminho: Monarquia" da Pró Monarquia - Casa Imperial do Brasil

Imagem: O Imperador Dom Pedro II na Abertura do Parlamento.

domingo, 22 de outubro de 2017

SE O BRASIL TEM UMA DINASTIA COM PRÍNCIPES E PRINCESAS, POR QUE SÃO POUCO CONHECIDOS?

Image may contain: 5 people, people smiling, people standing

Depois da Proclamação da República, em 1889, nossa Família Imperial foi exilada do país e esteve durante mais de 30 anos proibida de entrar no território nacional; muitos monarquistas foram perseguidos e mortos por governos republicanos. Todas as Constituições republicanas, anteriores à atual, proibiam os monarquistas de se organizarem e atuarem livremente. Somente a Constituição atual, de 1988, suspendeu essa proibição.

Durante quase 100 anos houve uma campanha de silêncio sobre os nossos príncipes. Nesse período, os livros escolares, financiados pelos governos republicanos, quando falavam dos príncipes, sempre o faziam de maneira pejorativa, nunca reconhecendo o que a Monarquia realizou pelo país.

O mesmo fazem ainda hoje muitos órgãos da grande mídia, silenciando quase completamente o período glorioso em que o Brasil foi uma Monarquia bem sucedida e altamente respeitada no mundo inteiro.

Imagem: A noiva, Princesa Dona Amélia, com os pais, o Príncipe do Brasil e terceiro na linha de sucessão ao trono,Dom Antonio de Orleans e Bragança e a Princesa Dona Christine de Ligne, acompanhada por seus irmãos, o Príncipe Dom Rafael e a Princesa Dona Maria Gabriela.

OS QUE OS PRÍNCIPES BRASILEIROS ESTÃO FAZENDO PARA MELHORAR O PAÍS?

Image may contain: 4 people, people smiling, people standing and indoor

Atualmente os príncipes não estão no poder e não ocupam posições oficiais, sendo, portanto, bastante limitada sua capacidade de atuação. Mas procuram, em toda medida do possível, atuar.

Como? Por exemplo, alertando a opinião pública, em conferências em universidades, escolas, Assembléias Legislativas, Câmaras Municipais etc., sobre o fato de que existem forças, tanto interna quanto externamente, que querem prejudicar o Brasil e mantê-lo no atraso. Poderíamos ser uma verdadeira potência econômica, mas não é o que acontece.

Além disso, visitam asilos, orfanatos e hospitais levando uma palavra de conforto aos desvalidos. Também dão entrevistas para os mais variados meios de comunicação, falando de temas atuais e históricos.

Imagem: O Príncipe do Brasil e terceiro na linha de sucessão, Dom Antônio de Orleans e Bragança acompanha as atividades realizadas pelas crianças no Projeto Páscoa Solidária, do Orfanato Santa Rita de Cássia, no Rio de Janeiro.

A FAMÍLIA IMPERIAL RECEBE ALGUM BENEFÍCIO DO GOVERNO?

No automatic alt text available.

Não recebe nenhuma ajuda e, se oferecida, com certeza não aceitaria, porque prefere manter sua independência com relação a uma República imposta aos brasileiros.

Foi ofertada a D. Pedro II uma quantidade enorme de ouro quando de sua deposição e ele rejeitou, alegando que aquele ouro tinha dono: o povo brasileiro. Viveu no exílio pobremente e chegou a passar necessidades, mas com a honra intacta e a consciência tranquila.

Imagem: D. Pedro II preferiu morrer pobre no exílio a aceitar o ouro oferecido pela República. Mas quis repousar sua cabeça em almofada contendo terra brasileira.

sábado, 21 de outubro de 2017

SE TIVESSE SIDO MANTIDO O REGIME MONÁRQUICO O BRASIL SERIA MAIS RICO?

No automatic alt text available.

Sem a menor dúvida, seria um país do Primeiro Mundo, ombreando com os Estados Unidos, a Inglaterra, o Japão etc.

Isso porque os Soberanos têm visão de longo alcance, tratam dos assuntos nacionais visando as gerações futuras e não as próximas eleições.

Foto: "Peça da Coroação" - Durante o Império, a moeda brasileira era uma das mais estáveis e valorizadas do mundo.

O PAÍS SERIA MENOS CORRUPTO SE HOUVESSE MONARQUIA? POR QUÊ?

Image may contain: 1 person, standing

A Monarquia não pretende ser uma panaceia que cura milagrosamente todos os males, mas é certo que ela cria as condições para sanar ou pelo menos minorar muitos deles, entre os quais a corrupção.

Primeiro, porque a forma de governo monárquica traz consigo uma influência altamente positiva sobre o andamento dos negócios públicos sejam eles políticos, econômicos ou sociais.

Depois, porque o Monarca paira acima dos interesses políticos ou privados de qualquer ordem, e seu interesse pessoal se confunde inteiramente com os da Nação. Ele pode, assim, exercer sobre a política e a administração uma ação moralizadora ao mesmo tempo firme e serena, de modo a corrigir e colocar nos eixos o que deve ser corrigido e ordenado.

Na República, para chegar aos mais altos cargos, o político tem literalmente que comprar o apoio dos amigos e até inimigos, caso contrário cai em desgraça e não consegue governar. Basta lembrar os tristemente famosos “mensalão” e “petrolão”...

O papel moralizador das monarquias é algo facilmente observável nos países monárquicos. No Brasil, D. Pedro II foi o grande fiscalizador da honestidade pública, como destacou o escritor Monteiro Lobato.

Imagem: O Imperador Dom Pedro II do Brasil

OS MONARQUISTAS DIZEM QUE O IMPÉRIO TROUXE MUITOS BENEFÍCIOS PARA O PAÍS. QUAIS BENEFÍCIOS FORAM ESSES?

No automatic alt text available.

Quando D. João VI aportou no Brasil, em 1808, com a Família Real portuguesa, já vinha com a ideia de transformar o país num grande Império. Uma de suas primeiras medidas foi abrir nossos portos às nações amigas; logo mais, criou instituições políticas, administrativas, judiciais, educativas e militares necessárias para o desempenho da nação. Fundou a Casa da Moeda, o Banco do Brasil, escolas de vários tipos. Preparou convenientemente o Brasil para dar, em 1822, o grande salto da sua Independência.

Em 1824, já foi promulgada a Constituição do Império, a melhor que já tivemos, que permitiu, sobretudo durante o reinado de D. Pedro II, o mais longo período de estabilidade constitucional de nossa história, possibilitando, assim, uma fase de autêntico e constante progresso.

Nesse período, o Brasil teve uma moeda estável e forte, possuiu a segunda Marinha de Guerra do mundo, estabeleceu os primeiros Correios e Telégrafos da América, foi uma das primeiras nações a instalar linhas telefônicas e a segunda a ter selo postal, implantou enorme rede de comunicações ferroviárias e rodoviárias, ligou-se à Europa pelo cabo telegráfico, teve grande impulso nas ciências, nas letras e nas artes.

A República interrompeu todo esse progresso e afundou o país no subdesenvolvimento, do qual até hoje não conseguimos sair.

Imagem: Foto do Busto de Dom João VI na entrada da Biblioteca Nacional

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

A REPÚBLICA NÃO TROUXE TAMBÉM BENEFÍCIOS?

Image may contain: cloud, sky, outdoor and nature

Mal proclamada a República, um dos primeiros atos do governo foi duplicar o salário do Presidente com relação ao que recebia o Imperador. O ideal da classe política instalada no poder com a República não foi, como era no Império, o de servir à Nação, mas servir-se dela.

Nos 125 anos de República, tivemos 7 presidentes depostos, 2 que renunciaram, 2 que não tomaram posse, 1 que assumiu pela força, 2 juntas militares, 5 presidentes interinos, 5 em regime de exceção e 1 impedido de tomar posse. No mesmo período tivemos oito moedas e a inflação acumulada atingiu os estratosféricos 1.400.000.000.000%, enquanto nos 67 anos de Império foi de apenas 1,58% ao ano.

Algum progresso material certamente houve desde 1889, mas podemos tranquilamente dizer que ele se deve mais ao empreendedorismo e perseverança do povo brasileiro do que à administração governamental.

Imagem: Os sucessivos governos republicanos fragilizaram de forma sistemática nossas instituições, expondo-nos a todo tipo de crise e golpes totalitários.

POR QUE ENTÃO FOI PROCLAMADA A REPÚBLICA? A REPÚBLICA NÃO FOI RESULTADO DE UM LEVANTE DO POVO BRASILEIRO QUE DESEJAVA ARDENTEMENTE MUDAR O SISTEMA DE GOVERNO?

No automatic alt text available.

A participação popular na Proclamação da República foi nula. O Partido Republicano de então (sim, a Monarquia o permitia!) conseguiu eleger para a Assembleia apenas dois deputados. Ativistas revolucionários aproveitaram-se de uma crise no gabinete imperial para impor a República. Na verdade, o Marechal Deodoro não pretendia derrubar a Monarquia, mas apenas o Ministério chefiado pelo Visconde de Ouro Preto.

A abolição do trabalho escravo também concorreu, pois a perda da principal mão-de-obra desagradou a fazendeiros que passaram a apoiar os republicanos. O que os republicanos mais temiam era o Terceiro Reinado, com a Princesa Isabel no trono, dando continuidade à obra de seu pai, D. Pedro II.

Imagem: Proclamação da República - um Golpe Militar sem apoio popular.

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

Entre a casa e trono: Isabel do Brasil

A princesa e sua bandeira | <i>Crédito: Wikimedia Commons
A paradoxal vida da dona-de-casa exemplar que tomou uma das decisões mais fundamentais da história do Brasil

Isabel Cristina comemorou seu aniversário de 39 anos, em 1885, com uma solenidade no Paço Municipal da capital, o Rio de Janeiro. Sentada, tendo a seu lado o marido, foi a estrela da cerimônia em que diversos escravos foram alforriados.


Conforme os nomes dos beneficiados eram anunciados pelo vice-presidente da Câmara, João Florentino Meira de Vasconcellos, eles seguiam para receber seus certificados de libertação das mãos de Isabel. Cada ex-escravo curvava-se e, em sinal de respeito e gratidão, dava um beijo na mão da aniversariante. A relação de afeto entre a mulher e os negros começava a ser demonstrada publicamente.

Ao longo dos anos, a imagem da princesa brasileira, que por três ocasiões ocupou o lugar do pai, mudou bastante – conforme o ponto de vista do observador. Para os republicanos, ela ocupou um papel insignificante. Para os monarquistas, foi elevada a um posto acima do bem e do mal. Por ter assinado a Lei Áurea em 13 de maio de 1888, Isabel tornou-se uma das personagens mais conhecidas da história do Brasil. Mostramos aqui, afinal, quem foi essa mulher.

Princesa menina

O paço São Cristóvão, na capital do império, acordou com o som provocado pelas contrações de dona Teresa Cristina em 29 de julho de 1846. Nascia Isabel Cristina Leopoldina Augusta Miguela Gabriela Rafaela Gonzaga de Bragança e Bourbon, primeira filha mulher da imperatriz e de dom Pedro II, que já tinham um menino. No ano seguinte, Isabel tornou-se herdeira do trono com a morte de seu irmão Afonso, com apenas 2 anos. Teresa Cristina estava novamente grávida e logo deu à luz Leopoldina, a grande amiga de Isabel na juventude.

As duas princesas passaram esses anos entre o Rio e Petrópolis, na residência de verão. Conhecido por ser um entusiasta das artes e ciências, Pedro II mantinha as filhas ocupadas quase o dia todo, deixando-as com pouco tempo para as bonecas de que tanto gostavam. Elas tinham aula de latim, francês, inglês, alemão, história, literatura, astronomia, física e filosofia, entre outros assuntos. Algumas dessas matérias – às quais Isabel não era tão apegada como o pai – eram lecionadas pela condessa de Barral, aia das meninas. “Isabel passou a ter mais satisfação no relacionamento com a aia que na ligação com a mãe”, escreveu o historiador inglês Roderick J. Barman em Princesa Isabel do Brasil. As duas foram amigas por toda a vida.

Marido-problema


Gastão de Orleans foi apresentado a dom Pedro II como um rapaz alto, forte, de certo renome militar, bonito, mas um pouco surdo. Mas, se Isabel caiu de amores por ele e o conquistou com muito mimo, a opinião pública brasileira não fez o mesmo. Apesar de ter vivido 25 anos aqui, o “francês”, como era chamado jocosamente pela imprensa, nunca se sentiu brasileiro. Quando chegou ao Rio, em 1864, o país vivia a Guerra do Paraguai e ele quis ir para o confronto, mas o imperador o manteve em cargos burocráticos. Só em 1869, quando o duque de Caxias, comandante do Exército, se afastou da guerra por motivo de saúde, Gastão foi à guerra. Liderou as forças brasileiras na caçada e execução do líder paraguaio Solano López, no ano seguinte. Embora a campanha tenha sido polêmica, devido ao alto custo da guerra e à matança promovida pelas tropas, Gastão aboliu a escravatura lá e retornou como herói – raro momento em que foi popular. Como o conde se estressava e ficava doente com facilidade, não podia muito envolver-se em assuntos públicos. Além disso, era malvisto por causa do temor de o Brasil vir a ser reinado por um estrangeiro. No exílio, em sua França, manteve uma vida serena. Voltaria ao Brasil nas comemorações do centenário da independência, em 1922, mas morreu a caminho do Rio, no mar, aos 80 anos.

➽ Isabel não ficou livre das turbulências da adolescência, restrita à vida social do palácio. A menina passou a usar palavras insolentes com mais freqüência, e desobedecia os professores. Além de malcriada, era uma jovem desastrada. Aos 16 anos, enquanto cavava um canteiro, ela atingiu com a pá Amandinha de Paranaguá, filha do político marquês de Paranaguá. A pobre, mesmo tendo perdido a visão do olho direito, permaneceu como uma das poucas e fiéis amigas de Isabel.

Em 1863, Pedro II começou a buscar noivos para as filhas, privilegiando outras casas reais (de preferência, as poderosas). Ele queria que Isabel se casasse com dom Luiz, filho de sua irmã Maria II, rainha de Portugal. A imprensa descobriu e a história pegou mal. Para a opinião pública, se a futura rainha brasileira fosse esposa de um príncipe português, o Brasil voltaria à condição de colônia na prática, já que o governante de fato seria o marido. Dom Pedro II desistiu do enlace e só conseguiu fechar um acordo quando chegou à sexta opção de sua lista: Augusto de Saxe seria o marido de Isabel, e Gastão de Orleans, o conde D’Eu, de Leopoldina.

Gato escaldado, Pedro II lembrou-se de quando foi obrigado a se casar com Maria Teresa. Por isso, tentou levar em conta os gostos das princesas e pediu retratos dos pretendentes com antecedência. Ao ver Gastão, o francês “encomendado” para sua irmã, Isabel caiu de amores. A princípio, não foi retribuída. “Ela nada tem de bonito; (...) lhe faltam completamente as sobrancelhas”, escreveu ele em carta à irmã. “Mas o conjunto de sua pessoa é gracioso.” Em 1864, aos 18 anos, Isabel casou-se com Gastão. Para celebrar, ela pediu ao pai que dez escravos do palácio, sendo oito criados pessoais dela, fossem libertados. Isabel, assim como Pedro II, desejava o fim da escravidão. Mas só se envolveria com o assunto anos depois.

Como as outras

Isabel era uma típica mulher do século 19 que, além das funções que devia cumprir – ser filha exemplar, esposa fiel, mãe dedicada –, acumulou o fato de ser princesa e, por três ocasiões, regente. Mas, segundo Roderick Barman, havia diferenças entre ela e as outras moças de alta classe da época. “Ela teve uma educação masculina a que pouquíssimas tiveram acesso”, explica. “E a vida social no palácio não era agitada. Ela não tinha esse talento.”

Com boas doses de afeto, a princesa conquistou o amado D’Eu, proporcionando uma confortável vida doméstica. Preparava compotas de pêssego e bolinhos para o marido e se dedicava a cultivar orquídeas. As flores eram uma paixão à parte. Em 1875, ela e o marido ajudaram a organizar a primeira exposição de horticultura do Brasil, realizada dentro de um prédio construído na França para a ocasião e trazido para o Brasil: o Palácio de Cristal, hoje ponto turístico de Petrópolis. Isabel também tinha gosto pela música.

A princesa foi muito pressionada a gerar herdeiros, de preferência homens. Dos quatro filhos de Pedro II, só as meninas chegaram à idade adulta, o que tornava ainda mais urgente que a sucessora tivesse um varão para manter a linhagem real. Em 1872, Isabel sofreu um aborto e, em 1874, voltou às pressas da Europa para cumprir o artigo 2 de seu contrato nupcial: o primeiro filho deveria nascer no Brasil. Tudo correu bem nas três semanas de travessia da França ao Rio. No entanto, em julho, em terra firme, o bebê morreu em um complicado parto de 50 horas. Outro choque para a família, que três anos antes havia perdido Leopoldina, morta pelo tifo, aos 23 anos. Finalmente, em 1875, nasceu Pedro de Alcântara, saudável, mas com uma deficiência: nem o braço nem a mão esquerdos moviam-se. Em 1876, outro aborto, e em 1878 nasceu Luís. Seu terceiro filho, Antônio, veio em 1881.

Uma das imagens mais recorrentes da herdeira do trono perante seus súditos era a de carola. De fato, Isabel era católica fervorosa. Bem mais que o pai, com quem sempre teve uma relação de profunda deferência, amizade e submissão.

No lugar do pai

Nas três ocasiões em que atuou como regente, procurou fazer somente o que tinha certeza de que Pedro II faria. O imperador nunca deu a ela espaço na política, por diversas razões. Segundo Barman, ele era muito centralizador e ela, por sua vez, parecia preferir a vida familiar. Mas, de acordo com o historiador Bruno de Cerqueira, do Instituto Dona Isabel I, ela não era uma marionete. “Tinha idéias próprias e era bem mais inteligente que o conde D’Eu”, diz.

Na primeira das três regências de Isabel, ela era ainda uma jovem insegura de 25 anos. Sentia-se “uma espécie de imperador sem mudar de pele, sem ter uma barba, sem ter uma barriga muito grande”, escreveu ao pai. Antes de viajar para a Europa e deixar a filha no cargo, Pedro II preparou o terreno para o início da abolição gradativa da escravidão, instaurando um gabinete favorável às idéias abolicionistas. Isabel aprovou a Lei do Ventre Livre, que libertava os filhos de escravas nascidos a partir da data de sua assinatura, 28 de setembro de 1871. A lei, porém, permitia que o senhor usasse esses escravos livres até eles completarem 21 anos. “Foi uma forma de garantir continuidade de trabalhadores enquanto não se resolvia a questão da mão-de-obra na lavoura, já que o fim da escravidão era inevitável”, diz Carlos Bacellar, historiador da Universidade de São Paulo.

A segunda regência foi mais conturbada. Em 1876, Pedro II e Teresa Cristina embarcaram para uma viagem de 18 meses ao exterior. O cenário aqui era turbulento: fracassara uma reforma eleitoral que visava impedir fraude e violência nas votações, ocorrera uma seca devastadora no Nordeste brasileiro e havia a chamada Questão Religiosa, que colocou a princesa no fogo cruzado entre a Igreja e o governo. Maçons que ocupavam cargos importantes na política combatiam, desde 1873, uma prática religiosa conservadora e ligada ao papa, com a qual a princesa simpatizava: o ultramontanismo. Bispos ultramontanos expulsaram maçons de irmandades católicas, já que a maçonaria não era tolerada por Roma. Os maçons, que apoiaram a independência, em 1822, e tinham bastante influência no império, exigiram a prisão dos bispos. Os panos quentes postos sobre a situação não resistiram durante a segunda regência, quando uma nova proposta de expulsão dos maçons das irmandades foi anunciada. O assunto não foi para a frente, mas a imprensa não poupou a princesa. A capacidade de substituir o pai foi posta à prova, e Isabel voltou à vida privada, passando mais tempo em Petrópolis.

Causa abolicionista

Na década de 1880, Isabel abriu mão parcialmente de sua vidinha na serra e passou a se apresentar publicamente como contrária ao regime escravo. Defendia a abolição nas audiências com nobres e políticos e, em viagens pelo interior, alforriava escravos. “O fim da escravidão tornou-se quase um consenso entre a população”, escreveu o historiador Robert Daibert Junior em Isabel, a “Redentora” dos Escravos.

Após séculos de luta pela própria liberdade, os escravos aceitavam a iminente abolição não como uma conquista própria, mas como uma concessão da monarquia. Para Daibert, parte disso pode ser explicada pela cultura e religiosidade da África, onde as monarquias tinham caráter quase divino. Os escravos viam como inimigo o senhor de engenho e simpatizavam com a família real – o que, mais tarde, solapou as tentativas republicanas de apagar Isabel dos acontecimentos de 1888.

Alforria já!

José do Patrocínio

José do Patrocínio ➽ Filho de um cônego e de uma escrava alforriada, nasceu em Campos (RJ), em 1853. Formou-se em Farmácia, mas foi no jornalismo que desenvolveu seu maior talento. Fundou o jornal Cidade do Rio e militou pela libertação dos escravos, ajudando até em fugas. Com a República, saiu da política e foi morar no Amazonas, onde morreu, em 1905.

Joaquim Nabuco ➽ Pernambucano, intelectual e grande orador, nasceu em 1849 na elite imperial do Recife. Era filho de senador e seguiu a carreira de político como deputado. Na Câmara, defendeu o fim do regime escravocrata no Brasil. Monarquista, afastou-se da política com a República. Foi embaixador nos Estados Unidos e co-fundador da Academia Brasileira de Letras.

André Rebouças ➽ Nasceu em 1838, no meio da revolta baiana Sabinada. Neto de escrava alforriada, estudou no Rio de Janeiro e na Europa, formou-se engenheiro e ajudou a criar a Sociedade Brasileira contra a Escravidão. Monarquista, foi exilado com a família real. Em 1898, na Ilha da Madeira, com dívidas e depressão, suicidou-se.

➽ Em 1887, com a diabetes incontrolável, Pedro II foi à Europa tratar da saúde. Isabel começou a derradeira regência já sem encarar as alforrias como esmola de igreja, e sim como questão de Estado. Para ela, a escravidão emperrava o desenvolvimento do país. Aliou-se, assim, à ala abolicionista de Joaquim Nabuco, José do Patrocínio e André Rebouças.

O Ministério do Império, chefiado pelo barão de Cotegipe, era contrário à abolição e, por isso, alvo de críticas da imprensa. Num incidente em que a polícia da corte agiu com extrema violência, Cotegipe se indispôs com a princesa e pediu demissão. O novo gabinete escolhido por Isabel apresentou o projeto de abolição em 13 de maio de 1888. Naquele domingo, a princesa assinou a Lei Áurea. O Brasil, último país da América a abolir a escravidão, comemorou com três dias de feriado.

Dizer que Isabel não teve nenhum papel no fim da escravidão é uma injustiça. “Embora o 13 de maio seja a data oficial do fim, a libertação já vinha ocorrendo ao longo dos anos anteriores”, diz Bacellar. Porém, também é exagero afirmar que ela era uma mulher à frente de seu tempo.

O fato é que, adorada pelas massas, Isabel e toda a família real perderam muito apoio das elites. Não houve indenização aos fazendeiros que ficaram sem seus escravos e, como a agricultura sustentava o império, a opinião de republicanos e agricultores (que diziam que a monarquia fora sustentada pela escravidão por décadas) pesava bastante. O fato de Isabel ser agraciada com a Rosa de Ouro, homenagem do papa Leão XIII à abolição, também foi usado como arma: para a elite, o terceiro reinado era submisso ao Vaticano.

Em 1889, Pedro II continuava doente. Fazendeiros e militares continuavam descontentes. O cenário estava pronto para que os radicais do Partido Republicano se aliassem a oficiais de baixa patente revoltados e ao marechal Deodoro da Fonseca para derrubar o gabinete, que se entregou sem dar um tiro sequer, e forçar os ministros a renunciar na madrugada de 15 de novembro. Dois dias depois, a família real soube que partiria imediatamente. Isabel, segundo o próprio relato, deixou a pátria aos soluços. No exílio, em Paris, manteve a vida que tinha no Brasil, matando a saudade com o papagaio paraense que levou e dedicando-se à igreja, ao lar e ao amor incondicional pelo marido. A princesa sofreu outros golpes ao enterrar os filhos Antônio, em 1918, e Luís, em 1920. Isabel morreu no ano seguinte, aos 75 anos, sem nunca mais ter retornado ao Brasil.

Saiba mais
Princesa Isabel do Brasil, Roderick J. Barman, Unesp, 2005

Isabel, a “Redentora” dos Escravos, Robert Daibert Junior, Edusc, 2004