sábado, 30 de janeiro de 2016

O ZOO DO BARÃO

Cartão Postal do antigo Zoo

No fim do século XIX o Rio de Janeiro tinha virado uma metrópole mundial.

Após uma viagem a Paris, na década de 1870, o empresário João Batista Viana Drummond, o Barão de Drummond, ficou impressionado com o urbanismo daquela capital à época e, na qualidade de amigo do Imperador Dom Pedro II, adquiriu a antiga Fazenda dos Macacos à Princesa Dona Isabel por 120 contos de réis em 1872, no atual bairro de Vila Isabel, implantando um grande projeto de urbanização que viria a culminar, em 16 de janeiro de 1888, na inauguração de um jardim zoológico. No mesmo ano, por tais benfeitorias, o empresário recebeu o título de Barão de Drummond.

O amigo de Pedro II foi um abolicionista que alforriou todos seus escravos antes da Lei Áurea. Deu nome de pessoas e acontecimentos importantes do movimento contra a escravatura às primeiras ruas do bairro que urbanizou (Boulevard 28 de Setembro, por exemplo, é uma referência à data de assinatura da Lei do Ventre Livre, de 1871, que considerava livres os filhos de escravos nascidos após aquele dia). Homenageou a Princesa Dona Isabel no nome da localidade, “inaugurada” em janeiro de 1872, no local onde outrora fora a Quinta dos Macacos. De quebra, ainda levou o bonde para a região.

No entanto, seu empenho por uma causa tão importante e a criação de um dos bairros mais icônicos do Rio são menos lembrados diante de outro feito: o lançamento do jogo do bicho. A jogatina está diretamente ligada à história do primeiro zoológico da Cidade Maravilhosa. Drummond importava animais aos montes. Em 1884, decidiu fazer do hobby um trabalho. Pediu licença para instalar o zoológico e foi atendido. Em quatro anos realizou a construção no Caminho do Goiabal (atual rua Visconde de Santa Isabel).

Interior do Antigo Zoo atualmente.

Elefantes, leões e girafas eram as grandes atrações do local inaugurado em 6 de janeiro de 1888. Contudo, havia, também, espaço para bichos tipicamente brasileiros, como jacarés e macacos. Muitos autores defendem que, com a Proclamação da República, em 1889, veio o fim da ajuda de custo do Império ao empreendimento do barão. Diante deste panorama, nasceu o jogo do bicho”, com o objetivo de alavancar a arrecadação. Porém, o professor de História Felipe Magalhães, da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, autor do livro “Ganhou, leva! O jogo do bicho no Rio de Janeiro”, discorda dessa tese. “Não há nenhum documento que comprove que o Jardim Zoológico fosse subvencionado pelo Governo Imperial. É importante pensar no local como um empreendimento que nasce com a perspectiva de dar modernidade ao bairro de Vila Isabel. E como o Barão de Drummond era empresário, a jogatina surge com a visão de lucrar ainda mais. Quem criou essa história, na minha opinião, foi Angelo Agostini (o grande cartunistas da época). Ele fazia charges atacando o Barão de Drummond. Posteriormente, Luís Edmundo escreve o livro ‘O Rio de Janeiro do Meu Tempo’, e repete a tese. No entanto, não há provas”, afirma.

O jogo do bicho original era simples. Diariamente um animal de pequeno porte era pendurado em uma gaiola coberta por um pano. Cada ingresso dava direito a um bilhete que continha a figura de determinada espécie. No final do dia o bicho era revelado e o resultado divulgado. A fórmula rapidamente caiu no gosto do povo. O Barão, esperto que só, notou o sucesso e abriu uma loja na Rua do Ouvidor, no Centro, para vender os tíquetes. Dessa forma, a população não precisava ir até Vila Isabel para participar da jogatina. O bicho virou contravenção penal a partir de 1941, quando os jogos “que dependem exclusivamente ou principalmente da sorte” foram proibidos, com as exceções conhecidas. Mergulhado na clandestinidade, foi adotado pelo crime organizado e segue como uma marca da cultura carioca.

O Barão morreu em 1897. Em 1984, seria homenageado na composição de Bicalho para o Império Serrano que celebrava malandros históricos cariocas: “Barão esperto foi Drummond/ Criou um jogo além de bom/ E colocou a bicharada/ na cabeça da moçada”.

Ao longo dos anos, no entanto, com a sucessão das administrações e diante das dificuldades, o antigo zoológico viu-se obrigado a fechar suas portas – o que ocorreu, de fato, na década de 1940. Cinco anos depois, Getúlio Vargas levou o zoo para outro local, a Quinta da Boa Vista (residência Imperial).

O local deste primeiro jardim zoológico foi recentemente recuperado pela Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro, sendo renomeado como Jardim da Princesa.

Ingresso do Antigo Zoo

FONTE: blogs.odia.ig.com.br/rio-450-anos/historias-do-rio/barao-esperto-foi-drummond

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

"ÊH MONARQUIA MARVADA, SÔ!"



DECRETO Nº 9.859, DE 8 DE FEVEREIRO DE 1888

Concede a Arthur Sauer, ou á companhia que fôr por elle organizada, diversos favores relativamente aos edificios que construir para habitação de operarios e classes pobres.

(OBS: Um dos motivos para o grande crescimento das favelas no final do século XIX foi que a república prometeu aos soldados que foram para o massacre de Canudos que, quando retornassem, a presidência garantiria residências no RJ para os mesmos... Bom, a república mentiu e os soldados foram para os morros).

Attendendo ao que requereu Arthur Sauer e á vista do disposto no Decreto legislativo n. 3151 de 9 de Dezembro de 1882 e no art. 2º, paragrapho unico, da Lei n. 3349 de 20 de Outubro ultimo, Hei por bem, em Nome do Imperador, Conceder-lhe, ou á companhia que organizar com o fim de construir, na cidade do Rio de Janeiro e seus arrabaldes, edificios destinados á habitação de operarios e classes pobres, os favores constantes das clausulas que com este baixam assignadas pelo Barão de Cotegipe, do Conselho de Sua Magestade o Imperador, Senador do Imperio, Presidente do Conselho de Ministros, Ministro e Secretario de Estado dos Negocios Estrangeiros e interino dos do Imperio, que assim o tenha entendido e faça executar.

Palacio do Rio de Janeiro em 8 de Fevereiro de 1888, 67º da Independencia e do Imperio.

Princeza imperial Regente.
Barão de Cotegipe.

Clausula a que se refere o Decreto n. 9859 desta data

I
Os edificios serão construidos de conformidade com as clausulas seguintes e com as posturas da Illma. Camara Municipal.

II
No prazo de tres mezes, contado desta data, os planos dos diversos typos de habitações serão apresentados ao Governo que, ouvida a Inspectoria Geral de Hygiene, os approvará com as modificações que entender convenientes.

III
Para levar a effeito ás construcções, o concessionario se obriga a incorporar uma companhia com o capital que fôr necessario. A companhia será constituida dentro do prazo de seis mezes, contado da data da approvação dos planos.

IV
As construcções começarão dentro de tres mezes, contados da data da organização da companhia.

V
No prazo de tres annos, contado do começo das construcções, deverá á companhia ter edificado habitações para 3.000 pessoas, podendo, dentro ou depois do mesmo prazo, construir maior numero.

VI
As habitações serão de seis classes:

    1ª - para uma pessoa;

    2ª - para duas pessoas;

    3ª - para familias até cinco pessoas, ou seis entre adultos e crianças;

    4ª - para familias até oito pessoas, entre adultos e crianças;

    5ª - para familias até dez pessoas, entre adultos e crianças;

    6ª - para familias até doze pessoas, entre adultos e crianças.

VII
A companhia não poderá cobrar, de aluguel mensal, mais que as seguintes quantias:

Pelas habitações
 » » de 1ª classe ............................................................................................ 10$000
 » » de 2ª classe ............................................................................................. 15$000
 » » de 3ª classe ............................................................................................. 25$000
 » » de 4ª classe ............................................................................................. 30$000
 » » de 5ª classe ............................................................................................. 35$000
 » » de 6ª classe ............................................................................................. 40$000

VIII
Conforme a situação e configuração dos terrenos em que se tenham de construir os edificios, e as condições da população a que estes se destinarem, a companhia poderá adoptar qualquer dos typos de habitações indicados nos planos de que trata a clausula 2ª, ou agrupar habitações de typos diversos.

IX
Os materiaes empregados na construcção dos edificios serão isentos de qualquer causa de humidade no interior das habitações, e em caso algum se empregará madeiramento proveniente da demolição de outras construcções.

X
Nenhum edificio será construido ao rez do chão; cada predio terá um porão de 0m,50 a 1 metro de altura, conforme o typo da construcção. O espaço comprehendido entre a superficie do terreno e o primeiro pavimento será ventilado pelos meios mais adequados.

XI
As paredes principaes e divisorias terão a solidez e a espessura necessarias, de conformidade com os planos approvados.

XII
Os vigamentos serão de pinho resinoso ou de madeira de lei, ou de ferro da fórma T; as cozinhas, lavadouros, latrinas e banheiros serão ladrilhados ou cimentados; a cobertura será de telhas francezas ou nacionaes, conforme o typo da habitação, podendo adoptar-se o systema de chapas de ferro com ventilação especial, si a experiencia demonstrar a sua vantagem.

XIII
As habitações poderão ser de um ou dous pavimentos, tendo o primeiro nunca menos de 4m,40 e o segundo de 4 metros de altura.

XIV
Todas as habitações serão arejadas por meio de janellas e ventiladores convenientemente dispostos, devendo cada compartimento ter pelo menos uma janella ou porta exterior; assim tambem o porão e o vigamento entre os pavimentos, por meio dos processos mais adequados.

XV
Cada habitação, excepto as destinadas a uma ou duas pessoas, terá entrada independente, latrina com water-closet e encanamento d'agua potavel com a competente torneira, pia e esgoto.

A largura das ruas entre as frentes dos grupos de habitações será de 15 metros.

XVI
A companhia illuminará gratuitamente a gaz ou a luz electrica todos os corredores, escadas, passagens, pateos e mais commodos de uso commum.

XVII
A companhia facultará a acquisição das casas de familia aos respectivos locatarios, mediante pagamento do preço convencionado, em prestações mensaes, durante prazo que não excederá a 16 annos.

No caso de ser o contracto rescindido por arrependimento do inquilino ou falta de pontual pagamento, as quotas pagas serão restituidas com deducção de 3%.

XVIII
A companhia manterá, a expensas suas, um empregado incumbido de velar sobre a conservação do asseio e boa ordem nos logradouros e commodos de uso commum.

XIX
A companhia terá um ou mais medicos encarregados do tratamento gratuito de seus inquilinos, e aos quaes incumbirá tambem a fiscalisação hygienica das habitações, assim como a organização de relatorios, que serão semestralmente apresentados á Inspectoria Geral de Hygiene, e comprehenderão, além de informações sobre o estado sanitario, a estatistica nosologica e mortuaria das mesmas habitações.

XX
A companhia obriga-se:

    1º A construir casas de ferro, de paredes duplas, si a experiencia demonstrar a vantagem deste genero de habitações.

    2º A empregar nas construcções tijolos ôcos e os mais aperfeiçoados apparelhos de ventilação, assim como couçoeiras de gesso para as paredes internas, si forem julgadas convenientes.

    3º A empregar entre o porão e o primeiro pavimento dos edificios, em vez de couçoeiras de madeira, vigas de ferro T, entre si ligadas por arcos de tijolos ôcos, pedras artificiaes ou béton agglomeré, ou Träger-Wellenblech.

    4º A empregar latrinas com water-closet do melhor systema, providas de deposito automatico de desinfectantes.

    5º A empregar, precedendo autorisação da Inspectoria Geral de Hygiene, o apparelho Vidangeuse automatique, destinado á desinfecção das materias fecaes.

    6º A crear e manter, para cada grupo de habitações em que houver, pelo menos, 30 meninos de 5 a 10 annos de idade, ou para dous ou mais grupos proximos com igual numero de meninos, uma escola mixta de instrucção primaria do 1º grau, com o programma de ensino das escolas publicas e sujeita á mesma fiscalisação.

    7º A estabelecer, para uso dos inquilinos de cada grupo de habitações em que residirem pelo menos 30 familias, ou de dous ou mais grupos proximos com igual numero de familias, uma lavanderia desinfectante a vapor, destinada a lavagem das roupas e ao fornecimento de banhos frios e quentes.

Os preços dos banhos e da lavagem das roupas serão fixados em tabellas approvadas pelo Ministerio do Imperio, com prévia audiencia da Inspectoria Geral de Hygiene.

XXI
Ficam concedidos á companhia:

    1º Isenção, por 20 annos, dos direitos de consumo para os materiaes de construcção, objectos e apparelhos que tiver necessidade de importar para realização das obras.

Esta concessão fica dependente de approvação do Poder Legislativo.

    2º Isenção, por 15 annos, do imposto predial para os edificios que construir, excluida a taxa addicional do § 3º, parte 1ª, do art. 11 da Lei n. 719 de 21 de Setembro de 1853, cessando a isenção si a companhia alienar os edificios.

    3º Direito de desapropriação, conforme a Lei n. 816 de 10 de Julho de 1855, relativamente aos terrenos em que tiver de edificar, comtanto que não haja nelles edificio sujeito ao pagamento do imposto predial ou isento deste por lei.

    4º A agua necessaria para uso dos moradores das habitações de 1ª e 2ª classe, correndo por conta da companhia as despezas de canalisação interior.

Os prazos de que tratam os ns. 1 e 2 serão contados da data da approvação dos planos, e a isenção dos direitos de consumo se tornará effectiva á vista de relações que a companhia apresentar de conformidade com o que estiver estabelecido pelo Ministerio da Fazenda.

XXII
Das obrigações mencionadas na clausula 20ª ficará dispensada a companhia, si a Assembléa Geral não approvar a isenção dos direitos de consumo, caso em que será elevado de 15 a 20 annos o prazo da isenção do imposto predial e gozará a companhia, tambem por 20 annos, da isenção do imposto de transmissão de propriedade quanto á acquisição de terrenos para as construcções.

XXIII
Constituida a companhia, ser-lhe-ha concedido nos termos da lei o dominio util dos terrenos do Estado em que pretender construir e que o Governo não julgar conveniente reservar para outro fim de utilidade geral.

XXIV
Reconhecendo-se no correr dos trabalhos a conveniencia de modificar os planos ou a disposição das habitações, o Governo resolverá, mediante accôrdo com a companhia, sobre as alterações que devam ser observadas nos novos edificios e nos que houverem de ser reconstruidos.

XXV
O Governo reserva-se o direito de mandar examinar e fiscalisar a execução das construcções.

XXVI
O Ministerio do Imperio, ouvida a Illma. Camara Municipal e a Inspectoria Geral de Hygiene, dará regulamento para a policia e regimen interno das habitações.

XXVII
A companhia não poderá transferir a terceiros os direitos, vantagens e onus da presente concessão.

XXVIII
A infracção de qualquer das obrigações a que a companhia fica sujeita será punida com a multa de 100$ a 2:000$ salvo a das clausulas 3ª, 4ª e 27ª, que importará a caducidade da concessão.

Palacio do Rio de Janeiro em 8 de Fevereiro de 1888. - Barão de Cotegipe.

Este texto não substitui o original publicado no Coleção de Leis do Império do Brasil de 1888

Publicação:
Coleção de Leis do Império do Brasil - 1888, Página 96 Vol. 1 pt. II (Publicação Original)
www2.camara.leg.br/legin/fed/decret/1824-1899/decreto-9859-8-fevereiro-1888-542196-publicacaooriginal-49869-pe.html

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

APESAR DE TUDO, CONTINUA A DETRAÇÃO CONTRA A MONARQUIA

Dona Isabel I do Brasil, 
pela Graça de Deus e unânime Aclamação dos povos (de jure) Imperatriz do Brasil.

Artigo do site www.catolicismo.com.br

O Papa Leão XIII resolveu premiar a Princesa Isabel com a maior distinção que os Soberanos Pontífices davam a chefes de Estado e a pessoas de grande relevo, nas ocasiões em que adquiriam méritos especiais. Enviou-lhe a Rosa de Ouro, que foi entregue a 28 de setembro de 1888, no 17o aniversário da promulgação da Lei do Ventre Livre. A data foi escolhida pelo próprio Núncio Apostólico, para a cerimônia que se realizou com toda magnificência na capela imperial. Entretanto, apesar de tudo, continuou a campanha de detração contra a monarquia, agora dirigida especialmente contra o Imperador: o velho está gagá; ele dorme o tempo todo; o Conde d’Eu e a Princesa Isabel vão se tornar tiranos aqui. Uma série de calúnias foi espalhada por todo o País.

A 15 de novembro, os militares que estavam no Rio de Janeiro — eram minoria, representavam um terço do Exército brasileiro — proclamaram a República. O golpe foi totalmente alheio à vontade do povo. Tanto que os republicanos embarcaram a Família Imperial rumo ao exílio, à noite, para que não houvesse reação popular. Na partida, a Princesa Isabel passando junto à mesa onde havia assinado a Lei Áurea, bateu nela o punho fechado e disse: “Mil tronos houvera, mil tronos eu sacrificaria para libertar a raça negra”.

D. Pedro II recusou 5 mil contos de réis — cerca de 4 toneladas e meia de ouro, uma fortuna — que lhe ofereceram os revoltosos, porque, dizia, o novo governo não tinha direito de dispor assim dos bens nacionais. Da. Teresa Cristina, mal chegando a Portugal, morreu de desgosto no Grande Hotel do Porto. Eu lá estive há alguns anos, quando o hotel inaugurou uma placa em memória dela. D. Pedro II faleceu a 4 de dezembro de 1891, no Hotel Bedfor, em Paris, onde uma placa recorda o passamento do ilustre hóspede. Tal era o prestígio que cercava sua pessoa, que a República francesa concedeu-lhe funerais completos de Chefe de Estado.

Uma rainha, uma fada com a bondade brasileira

Conde d’Eu possuía um castelo na Normandia, mas ele e a Princesa Isabel compraram um palacete em Boulogne-sur-Seine, que é um nobre bairro periférico de Paris. Lá ela abria seus salões para os brasileiros que iam visitá-los. E não só isso. Conseguiu se impor na sociedade parisiense a tal ponto, que várias memórias de personalidades da época a apresentam quase como uma rainha daquela sociedade. Era tida mesmo como a principal personagem. Somente ela e o presidente da República podiam entrar de carruagem no pátio interno da Ópera de Paris.

Uma hindu, que se tornaria mais tarde Maharani de Karputhala, escreve em suas memórias que ela via a Princesa Isabel como uma verdadeira rainha, uma fada. Não só isso — rainha e fada — mas também com toda a bondade brasileira e católica, característica da Princesa Isabel. A Maharani narra que, quando menina, de passagem pela capital francesa, teve uma crise aguda de apendicite. Operada com os recursos incipientes da época, passou longa convalescença no hospital. A sociedade parisiense toda, curiosa, ia visitá-la. Ela dizia que se sentia um bichinho exótico, que as pessoas iam vê-la como num zoológico. E a única que foi visitá-la com bondade e para lhe fazer bem foi a Princesa Isabel. Ela conta que minha bisavó aproximou-se do seu leito, agradou-a muito, acariciou-a e consolou-a. E no fim, disse: “Minha filha, eu não sei que religião você tem. Mas sei que há um Deus que ama todas as crianças do mundo. Aqui está uma imagem da mãe d’Ele. Guarde-a consigo, e quando você estiver numa grande aflição, peça a Ela para interceder junto ao seu Filho”. Infelizmente a Maharani não se converteu à Igreja Católica, permaneceu pagã até o fim da vida, mas nos momentos de apuro ajoelhava-se diante da imagem de Nossa Senhora, que a Princesa Isabel tinha lhe dado. Porque sabia que seria atendida.

Santos Dumont, testemunha da bondade da Princesa

Santos Dumont, nessa época, realizava suas experiências em Paris. Sabendo que ele passava muito tempo no campo onde fazia seus experimentos, a princesa mandava-lhe farnéis a fim de que ele não precisasse voltar à cidade para almoçar. Certa vez, escreveu-lhe: “Sr. Santos Dumont, envio-lhe uma medalha de São Bento, que protege contra acidentes. Aceite-a e use-a na corrente de seu relógio, na sua carteira ou no seu pescoço. Ofereço-a pensando em sua boa mãe, e pedindo a Deus que o socorra sempre e ajude a trabalhar para a glória de nossa Pátria. Isabel, Condessa d’Eu”. Santos Dumont usou a medalha por toda a vida. E noutra ocasião disse-lhe: “Suas evoluções aéreas fazem-me recordar nossos grandes pássaros do Brasil. Oxalá possa o Sr. tirar de seu propulsor o partido que aqueles tiram de suas próprias asas, e triunfar para a glória de nossa querida Pátria”.

Muito tocante também é o fim da carta que ela escreveu ao Diretório Monárquico para anunciar os casamentos de seus filhos mais velhos. O Diretório era composto pelo Conselheiro João Alfredo Corrêa de Oliveira, pelo Visconde de Ouro Preto e pelo Conselheiro Lafayette de Oliveira. A carta é datada de 9 de setembro de 1908: “Minhas forças não são o que eram, mas o meu coração é o mesmo para amar a minha Pátria e todos aqueles que lhe são dedicados. Toda a minha amizade e confiança”. Era o jeito brasileiro, a bondade brasileira perfeitamente encarnada naquela nobre dama.

Mesmo longe do Brasil, tudo fazia para engrandecer o País

Outra amostra de seu profundo interesse pelo Brasil está registrada numa carta ao Cons. João Alfredo. O Banco do Brasil –– não me recordo em que mandato presidencial ocorreu o fato –– estava num descalabro republicano: desordem total, contas que não estavam acertadas, funcionalismo completamente rebelde. E o presidente da República de então concluiu que o único que teria inteligência, força, garra e pulso para pôr ordem naquela situação seria o Cons. João Alfredo, e o convidou a assumir a presidência do Banco do Brasil. João Alfredo respondeu: “Eu sou monarquista, e portanto só posso aceitar esse cargo se a minha Imperatriz autorizar”. Escreveu à Princesa Isabel, explicando o caso. E ela respondeu-lhe: “Para o bem de nossa Pátria, o Sr. deve aceitar”. João Alfredo assumiu a presidência do Banco do Brasil, pôs em ordem o funcionalismo e acertou a contabilidade. Pagou todos os atrasados, todas as dívidas, deixando tudo em perfeito estado. Depois pediu demissão e morreu pobre, pois não recebeu nada por aquela importante gestão.

Em carta à irmã de um monarquista eleito deputado, Ricardo Gumbleton, de tradicional família paulista, o qual não queria aceitar o cargo de deputado, a Princesa observa: “Não concordo, absolutamente! Diga a seu irmão que ele deve aceitar a cadeira de deputado e propugnar pela grandeza moral, econômica e social de nossa Pátria. Não aceitando é que ele estará procedendo de maneira contrária aos interesses da coletividade. Não nos deve importar o regime político sob o qual esteja o Brasil, mas sim conseguir-se colaboradores de boa vontade capazes de elevar o nosso País. De homens como ele é que o Brasil precisa para ascender mais, para fortalecer-se mais. Faça-lhe sentir que reprovo sua recusa”. Esse fato revela uma vez mais que ela procurava colocar o bem do Brasil acima dos próprios interesses.

Na França, representou o que havia de melhor do Brasil

Ela ainda viveu até 1921. Cada vez mais fraca, mas conservando sempre aquela grande classe, aquele grande porte que a caracterizava. Em suas fotografias no exílio, ela mantém um porte imperial que não apresentava aqui no Brasil. No infortúnio, a noção da sua missão foi se cristalizando cada vez mais. E realmente, nessas fotografias, sua atitude era de uma imperatriz. No batizado de meu pai, ela manifesta uma nobreza e uma categoria impressionantes. E foi assim até o fim da vida.

Morreu sem poder voltar ao Brasil. Representou na França o que havia de melhor do Brasil. Muito mais do que nosso corpo diplomático, muito mais do que nossos homens de negócio, ela foi um exemplo do que o Brasil era ou deveria ser. E a França entendeu isso. Assis Chateaubriand escreveu, em Juiz de Fora, a 28 de julho de 1934: “Apagada a sua estrela política, depois de vencida a tormenta da abolição, ela não tinha expressão dura, uma palavra amarga para julgar um fato ou um homem do Brasil. No mais secreto de seu coração, só lhe encontrávamos a indulgência e a bondade. Este espírito de conduta, esse desprendimento das paixões em que se viu envolvida, era a maior prova de fidelidade, no exílio, à pátria distante. Mais de 30 anos de separação forçada não macularam a alvura dessa tradição de tolerância, de anistia aos agravos do passado, que ela herdara do trono paterno. [...] Foi no exílio que ela deu toda a medida da majestade e da magnanimidade do seu coração. [...] Ela viveu no desterro [...] como a afirmação de Pátria, acima dos partidos e dos regimes. Debaixo da sua meiguice, da sua adorável simplicidade, quanta fortaleza de caráter, quanto heroísmo, quantas obras valorosas”.

Faleceu no castelo d’Eu. Apagou-se suave e docemente. A República reconheceu o que o Brasil tinha perdido. O presidente Epitácio Pessoa determinou três dias de luto nacional, e que fossem celebradas exéquias de Chefe de Estado. Também a Câmara Federal votou que seu corpo fosse trazido para o Brasil num vaso de guerra, o que só se realizou em 1953. Em 13 de maio de 1971, seu corpo e o do Conde d’Eu foram transladados solenemente à catedral de Petrópolis, e lá repousam à espera da ressurreição dos mortos e do Juízo final.

Essa foi a insigne mulher que nosso Brasil registra em sua história. Ela não foi uma intelectual. Foi princesa e patriota até o fundo da alma. Uma senhora que tinha consciência de ter nascido para o bem de um País. E encarnou essa missão na Pátria e no exílio até o fim de sua existência. Foi um modelo de princesa, de imperatriz e de católica. Ela foi o tipo perfeito de grande dama brasileira.

FONTES:
  1. Hermes Vieira, Princesa Isabel – Uma Vida de Luzes e de Sombras, Editora Novos Ensaios Brasileiros, São Paulo, 1989;
  2. Hermes Vieira, op. cit., pp. 163 e 164, citando Heitor Lyra;
  3. O Culto a Isabel, “Diário de São Paulo”, 29-7-1934, citado na obra acima indicada de Hermes Vieira, pp. 232-233.

DO BRASIL PARA O MUNDO - PARTE IV: AÇÕES HUMANITÁRIAS

O CARA da diplomacia, Barão do Rio Branco

Os brasileiros atuam ativamente nos campos da defesa dos direitos humanos e da ajuda humanitária:

Durante a Guerra do Paraguai, a enfermeira Ana Néri, prestou socorro até a soldados inimigos. m reconhecimento por suas ações, Ana Néri é Patrona dos Enfermeiros do Brasil.

Rui Barbosa, representou o Brasil na II Convenção de Haia em 1907. Nesta ocasião, defendeu o princípio da autodeterminação dos povos. Ganhou o apelido Águia de Haia pela firmeza com que defendeu suas posições.

O diplomata José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco, foi célebre por buscar sempre soluções pacíficas para as disputas territoriais envolvendo o Brasil. O trabalho do barão abreviou e evitou conflitos violentos, ajudando a definir as fronteiras do país. O Instituto Rio Branco foi criado como parte das comemorações de seu centenário. O Barão do Rio Branco é o patrono da diplomacia brasileira.

Na sua visita ao Brasil em 1925, Albert Einstein conheceu o trabalho do Marechal Cândido Rondon junto aos indígenas do país. Impressionado, sugeriu o nome de Rondon para o Nobel da Paz.

Oswaldo Aranha fez o primeiro discurso na abertura da Sessão Especial da 1ª Assembleia Geral das Nações Unidas em 1947. Assim, tradicionalmente, a declaração de abertura desta sempre é feita por um brasileiro. Em 29 de Novembro daquele ano, Aranha presidiu a assembleia que foi decisiva para a criação do Estado de Israel.

Enquanto prestavam serviço diplomático na Europa durante a Segunda Guerra Mundial, Luís Martins de Sousa Dantas e Aracy de Carvalho Guimarães Rosa, auxiliaram pessoas que fugiam de perseguições promovidas pelo nazifascismo. Em reconhecimento pela ajuda prestada a judeus, tiveram seus nomes incluídos no rol dos Justos entre as nações, do Yad Vashem em Israel.

Sérgio Vieira de Mello foi um defensor dos direitos humanos que destacou-se como mediador de conflitos internacionais e ocupou o cargo de Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos. Em 19 de Agosto de 2003, um atentado terrorista em Bagdá causou a morte de 22 pessoas. Para homenagear as vítimas, entre elas, Sérgio Vieira de Mello, a ONU designou 19 de Agosto como o Dia Mundial Humanitário. A sanitarista e pediatra Zilda Arns, criou a Pastoral da Criança e a Pastoral da Pessoa Idosa para auxiliar populações carentes. A atuação destas entidades ganhou reconhecimento internacional.

"(...) Como os pássaros, que cuidam de seus filhos ao fazer um ninho no alto das árvores e nas montanhas, longe de predadores, ameaças e perigos, e mais perto de Deus, devemos cuidar de nossos filhos como um bem sagrado, promover o respeito a seus direitos e protegê-los. (...) Sabemos que a força propulsora da transformação social está na prática do maior de todos os mandamentos da Lei de Deus: o Amor." - Trechos do discurso que Zilda Arns fez momentos antes de perder a vida no terremoto de 2010 no Haiti.

DEUS SALVE O BRASIL!

DO BRASIL PARA O MUNDO - PARTE III: ESPORTES

Ayrton Senna, um dos Grandes fenômenos dos Esportes

Guilherme Paraense ganhou a primeira medalha olímpica de ouro para o Brasil, competindo no tiro esportivo nas Olimpíadas de Antuérpia em 1920.


O Brasil sediou a Copa do Mundo de 2014 e sediará as Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro. O país é pentacampeão mundial de futebol, esporte considerado o mais popular no país. A Seleção Brasileira de Futebol é a única que disputou de todas as Copas do Mundo. Pelé foi considerado o atleta do século XX. A criação do futebol de salão é compartilhada por uruguaios e brasileiros. O Brasil tem títulos em diversas competições desta modalidade.

O vôlei brasileiro é vitorioso: a seleção masculina detêm quatro títulos pan-americanos, nove da liga mundial, dois ouros olímpicos além de outros.

A seleção feminina foi campeã quatro vezes nos jogos pan-americanos e tem dois ouros nos jogos olímpicos (2008 e 2012). Jacqueline Silva e Sandra Pires sagraram-se campeãs, em 1996, na estreia do vôlei de praia nas Olimpíadas de Atlanta.

Jogadores de basquete brasileiros atuam em grandes equipes no exterior. Alguns dos mais famosos são: Nenê Hilário, Marcelo Huertas e Anderson Varejão. Fora que temos o grande Oscar "mão santa" Schmidt.

Emerson Fittipaldi, Ayrton Senna, Tony Kanaan e Gil de Ferran são pilotos brasileiros vitoriosos no automobilismo mundial.

Daiane dos Santos executou dois novos movimentos de ginástica artística: o duplo twist carpado e o duplo twist esticado. Em sua homenagem estes movimentos foram batizados respectivamente como Dos Santos I e Dos Santos II.

Os brasileiros criaram as artes marciais da capoeira, jiu-jitsu brasileiro, luta marajoara e outras. O sistema de defesa pessoal Kombato foi criado no país. A Família Gracie e Luiz França, sucedido por seu aluno Oswaldo Fadda, deram origem aos dois principais ramos do jiu-jitsu brasileiro. Atualmente, esta arte marcial brasileira é praticada por todo o mundo.

O país tem posição de destaque nos esportes de combate. Éder Jofre é considerado, pelo Conselho Mundial de Boxe, como o melhor peso-Galo de todos os tempos. O vale-tudo surgido no país, foi o embrião das modernas artes marciais mistas (eng. MMA). Anderson Silva, Antônio Rodrigo "Minotauro" Nogueira, Lyoto Machida, José Aldo e Junior "Cigano" dos Santos são alguns dos lutadores mais importantes nesta modalidade. Os judocas Aurélio Miguel e Sarah Menezes, foram os primeiros brasileiros a conquistarem medalhas de ouro para o judô do Brasil respectivamente no masculino e no feminino nas Olimpíadas de Seul (1988) de Londres (2012).

DEUS SALVE O BRASIL!

DO BRASIL PARA O MUNDO - PARTE II: CIÊNCIA E TECNOLOGIA

O inventor (e monarquista), Pai da Aviação, Alberto Santos Dumont

Em Portugal, no início do século XVIII, o padre e cientista Bartolomeu de Gusmão (o "padre voador", nascido no Brasil Colônia), fez experiências bem sucedidas com balões de ar quente. Algumas destas experiências foram conduzidas na presença de personagens como o Cardeal Michelangelo Conti (futuro Papa Inocêncio XIII) e do rei João V. Ainda em Portugal, Gusmão construiu o balão batizado como Passarola.

Augusto Severo de Albuquerque Maranhão desenvolveu o conceito de dirigível semi-rígido, testado pela primeira vez em 1894. Isto permitiu tornar o voo dos dirigíveis mais estável.

Santos Dumont trabalhou nos dois ramos da aeronáutica: aerostação (com aeróstatos, aeronaves mais leves que o ar) e aviação (com aeródinos, aeronaves mais pesadas que o ar). Dominou a dirigibilidade dos aeróstatos provando, em definitivo, que as aeronaves poderiam ser efetivamente usadas como meio de transporte. O avião 14-bis, projetado e construído por ele, foi o primeiro aeródino a decolar (em 1906) sem impulso adicional fornecido por recursos externos. É tido como o Pai da Aviação e recebeu inúmeras homenagens. Por sugestão da aviadora Anésia Pinheiro Machado, uma cratera da Lua, anteriormente nomeada Hadley-B, foi rebatizada como o nome Santos Dumont.

Dimitri Sensaud de Lavaud construiu o primeiro avião brasileiro, realizando com ele o primeiro voo de avião da América latina, em Osasco, no dia 7 de janeiro de 1910.

No campo da tecnologia militar, André Rebouças servindo como engenheiro militar, desenvolveu um torpedo, utilizado com sucesso durante guerra do Paraguai.

Na astrofísica Mário Schenberg formulou o Processo Urca que tornou possível compreender o colapso de estrelas supernovas. As experiências do físico Cesar Lattes levaram a descoberta do méson pi, o que foi de grande importância para a então nascente física de partículas.

O bacteriologista Carlos Chagas descobriu a doença que recebeu seu nome. Por seu trabalho foi, por duas vezes, indicado ao Nobel de Fisiologia ou Medicina.

Para o tratamento de picadas de escorpiões, aranhas e serpentes venenosas, o sorologista Vital Brazil criou os soros antiescorpiônico, antiaracnídeo e antiofídico. Fundou em São Paulo o Instituto Butantan (1901) e o Instituto Vital Brazil em Niterói (1919)

O país ressente-se por nunca um brasileiro ter recebido um Prêmio Nobel. O britânico Peter Brian Medawar, recebeu o Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1960. Por ter nascido em Petrópolis, alguns consideram que o país também partilha desta conquista. Dentre outras homenagens recebidas no Brasil, seu nome batiza o Instituto Medawar de Medicina Ambiental.

O país tem inventores pouco conhecidos: Nelson Guilherme Bardini (cartão telefônico), Carlos Prudêncio (Urna eletrônica brasileira), Therezinha Beatriz Alves de Andrade Zorowich (escorredor de arroz).

Ao longo da história da ciência, cientistas e inventores brasileiros envolveram-se em controvérsias. A importância de alguns destes para descobertas científicas e sua primazia em invenções, foram contestadas. Consequentemente, vários tem seus trabalhos reconhecidos apenas parcialmente ou tardiamente. Fora que a escola, dificilmente, mostra nossos bens, pois prefere mostrar ernesto che.

Entre eles:

Júlio César Ribeiro de Sousa (dirigibilidade aérea), Roberto Landell de Moura (radiocomunicação, patrono dos radioamadores do Brasil), Francisco João de Azevedo (máquina de escrever), Hércules Florence (fotografia) e Nélio José Nicolai (Identificador de chamadas).

Os estudos do especialista em reprodução humana, Dr. Elsimar Coutinho, ajudaram a desenvolver o primeiro anticoncepcional masculino não hormonal do mundo. Este anticoncepcional foi criado a partir do gossipol, substância extraída da semente do algodão.

No Zoológico de Brasília, uma fêmea de lobo-guará, vítima de atropelamento, recebeu tratamento com células-tronco. Este foi o primeiro registro do uso de células-tronco para curar lesões num animal selvagem.

O país é um dos pioneiros e líderes na tecnologia de biocombustíveis. Em 1925, a Estação Experimental de Combustíveis e Minérios (futuro Instituto Nacional de Tecnologia) testou o primeiro automóvel do Brasil adaptado para funcionar com álcool combustível. Entre as décadas de 1920 e 1940, João Bottene adaptou veículos para o funcionamento com álcool: automóveis, um avião e uma locomotiva construída pelo próprio. O país criou o Programa Nacional do Álcool (Pró-álcool) para contornar a crise do petróleo na década de 1970. O esforço de pesquisadores como Urbano Ernesto Stumpf e José Walter Bautista Vidal foi decisivo para a criação deste programa. Em 24 de Outubro de 1984, um avião bimotor Bandeirante movido a bioquerosene, sobrevoou Brasília. Atualmente, o país continua a pesquisa de biocombustíveis para uso automobilístico, ferroviário, naval e aeronáutico.

Não tenho vergonha do meu país, sei que é o melhor do mundo. O grande problema do Brasil é o sistema corrupto e corrutor que não nos deixa evoluir.

DEUS SALVE O BRASIL!

DO BRASIL PARA O MUNDO - PARTE I: ARTES

A Última Ceia, por Aleijadinho 

O escultor Antônio Francisco Lisboa (o Aleijadinho) é apontado como o maior representante do estilo Barroco na Américas (Barroco mineiro).

O desenhista Henrique Alvim Corrêa, conhecido por seu trabalho em ficção científica, ilustrou a edição belga de 1906 de A Guerra dos Mundos de H. G. Wells.

Carmen Miranda ficou mundialmente conhecida pela originalidade de seu trabalho e por seu visual exótico. Foi uma artista dotada de grande versatilidade: era cantora e atriz trabalhando em teatro, rádio, cinema e televisão.

Pintores como Cândido Portinari e Hélio Oiticica conquistaram reconhecimento para a pintura do Brasil. A arquitetura do Brasil foi divulgada por Oscar Niemeyer, que desenvolveu projetos em vários países.

Obras de escritores do país foram traduzidas para vários idiomas. Livros de autores como Dias Gomes, Paulo Coelho, Jorge Amado, Machado de Assis e vários outros são reconhecidos mundialmente.


O país criou gêneros musicais admirados pelo mundo como o Samba, a Bossa Nova e o Chorinho. Graças a Carlos Gomes, a música erudita brasileira ganhou respeito e admiração. Sua ópera O Guarani, composta na Itália e encenada pela primeira vez no Scala de Milão em 19 de Março de 1870, alcançou grande sucesso. "Este rapaz tem gênio. Ele começa por onde eu termino." disse Giuseppe Verdi, sobre Carlos Gomes.

O violonista Laurindo Almeida compôs a música-tema da série de televisão Bonanza.

Gabriel Bá e Fábio Moon, foram os primeiros quadrinistas brasileiros a ganharem o prêmio Eisner Award,

considerado o "Óscar das Histórias em Quadrinhos". Em 1984 foram criados o Dia do Quadrinho Nacional (30 de Janeiro, data da publicação da 1ª história em quadrinhos brasileira: "As Aventuras de Nhô Quim ou Impressões de Uma Viagem à Corte" em 1869) e o Prêmio Angelo Agostini, para rememorar este acontecimento prestigiar os quadrinistas nacionais.

O cinema do Brasil é reconhecido internacionalmente há décadas. Em 1962, o filme O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte foi premiado com a Palma de Ouro no Festival de Cannes. No ano seguinte, foi indicado ao Oscar de melhor filme estrangeiro. Atualmente, Walter Salles, José Padilha, Carlos Saldanha e Bruno Barreto são cineastas conceituados.

A telenovela brasileira é exportada para o mundo, divulgando os aspectos culturais do paí.

DEUS SALVE O BRASIL!

BRASILEIRO


Os brasileiros formam uma nacionalidade ligada de forma indissociável ao Estado brasileiro. Como é característica dos países do Novo Mundo, os brasileiros não formam um grupo étnico homogêneo, portanto não existindo, na antropologia tradicional, uma etnia brasileira. Um brasileiro pode ser também uma pessoa nascida em outro país de um pai brasileiro ou mãe brasileira ou um estrangeiro morando no Brasil, que solicitou a cidadania brasileira. 

No período que se seguiu à descoberta do território brasileiro por Portugal, durante boa parte do século XVI, o vocábulo "brasileiro" foi dado aos comerciantes portugueses de pau-brasil, designando exclusivamente o nome de tal profissão, visto que os habitantes da terra eram, na sua maioria, índios, ou portugueses nascidos em Portugal, ou no território agora denominado Brasil. No entanto, desde muito antes da independência do Brasil, em 1822, tanto no Brasil como em Portugal, já era comum se atribuir o gentílico "brasileiro" a uma pessoa, normalmente de clara ascendência portuguesa, residente ou cuja família residia no Brasil colônia (1530-1815), pertencente ao Império Português. Durante a vigência do Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves (1815-1822), no entanto, houve confusões quanto à nomenclatura.

GENTÍLICO

Seguindo as regras gramaticais para formação de gentílicos, o correto seria: brasilianos ou brasilienses. Brasileiro alude a um ofício ou profissão (tal qual "verdureiro", "engenheiro", "pedreiro") e, nas raízes históricas, estudiosos têm escrito que referia-se ao comerciante, geralmente português, do pau-brasil, na época do Brasil Colônia, passando, eventualmente, a ser nome pátrio (por causas de várias naturezas e com muitas teorias acerca do assunto). Durante os primórdios da construção do país, tornou-se comum designar brasileiro o português ou o estrangeiro estabelecido no Brasil, brasiliense o natural do Brasil e brasiliano o indígena. Como exemplo, tomemos o livro Romance de Gregório de Matos, composto no século XVII, em que "brasileiro" serve para designar os "naturais" explorados: "os brasileiros são bestas/ e estão sempre a trabalhar/ toda a vida por manterem/ maganos de Portugal...".

Contudo, com a emancipação política durante o Primeiro Reinado, o substantivo brasileiro começou a caracterizar um novo corpo político que surgia. Na terceira de suas Cartas sobre a Revolução do Brasil, por exemplo, Silvestre Pinheiro Ferreira observava que "o partido brasileiro cobrou com a sua presença e com a revelação dos seus projetos ao conselho de Sua Majestade uma energia, que até agora se não tinha observado, nem mesmo presumido que ele fosse capaz de desenvolver.". Assim, aqui nota-se que o adjetivo "brasileiro" servia para definir um grupo político ou uma corrente de opinião que se contrapunha ao "partido europeu". Durante os eventos que conduziram à dissolução da primeira Assembléia Constituinte e Legislativa, o próprio Imperador Dom Pedro I, em 13 de novembro de 1823, serviu-se do substantivo para caracterizar um corpo político: "[...] quem aderiu à nossa sagrada causa, quem jurou a independência deste Império, é brasileiro." Em 1824, o texto constitucional da Constituição brasileira de 1824 (a primeira do país e mais duradoura do país) já declarava: "Art 6. São cidadãos brasileiros [...]"

Os estudiosos notam que, no Brasil, o mesmo processo de derivação do termo "brasileiro" ocorreu, por ex., com mineiro e campineiro (de Minas Gerais e de Campinas, respectivamente).

DEUS SALVE O BRASIL!